A distribuição dos signos na elíptica de Quíron é muito desigual. A sua posição é mais forte nos signos orientais, de Aquário a Touro, demorando cerca de 30 anos a percorrer estes 4 signos, sendo muito mais leve nos signos ocidentais (Leão a Escorpião), pois consegue percorrê-los em apenas 8 anos. Assim, há sempre muito mais pessoas com Quíron nos signos orientais. Isto deve ter um significado qualquer em termos de humanidade, em termos de colectivo encarnados no planeta Terra. No entanto, aquelas pessoas com Quíron nos signos ocidentais talvez exerçam papéis mais relevante na consciência colectiva, nem que seja ao nível da comunidade onde se movimentam.
Quando penso em Quíron em Áries / Carneiro ou na 1ª casa, tenho sempre este pensamento: parecem pessoas cuja autonomia pessoal face ao exterior é sentida como insuficiente. Também sinto que são potencialmente auto-sabotadores deles mesmos e das suas iniciativas. Quem ler a lista de personalidades mais a baixo, poderá questionar-se do que acabo de afirmar. Quando Quíron está no Elemento Fogo, existe a possibilidade de haver problemas e traumas com a nossa identidade, auto-confiança, imagem pessoal, criatividade e conhecimento.
Personalidades com Quíron em Áries / Carneiro: Amália Rodrigues, Magda Moita (astróloga portuguesa), Patrícia Azenha (engenheira e astróloga portuguesa), Fada Moranga (bloguista), Lauren Baccal, Ava Gardner, Maria Paula Ribeiro (veterinária e astróloga portuguesa), Alexander McQueen (estilista), David Beckham, Kate Winslet, Michael Violante (empresário), Paul Newman, Princesa Letizia de Espanha, Shakira. Personalidades com Quíron na 1ª casa: Belmiro de Azevedo, Barack Obama, Brad Pitt, Bobby Fisher, Lili Caneças, Margot (taróloga), Nucha (cantora), Papa Bento XVI, Sally Field, Whitney Wouston.
Últimas permanências de Quíron em Áries / Carneiro: de 29 Janeiro 1919 a 24 Março 1927; de 30 Janeiro 1969 a 28 Maio 1976; e de 14 Outubro 1976 a 29 Março 1977. O próximo ingresso será a 18 Fevereiro 2019.
Será que é essa aparente insuficiência sentida pelas pessoas com Quíron em Áries / Carneiro, que os leva a serem pioneiros nos seus meios? São pessoas que conseguem romper as barreiras de Saturno e irromperem em Úrano, desafiando com imensa coragem ideias pré-concebidas. Este posicionamento pode levar estas pessoas a não sentirem de perto as subtilezas espirituais de Quíron. Os assuntos místicos naquilo que de muito subtil existe nestes temas, não lhes estão muito favorecidos, a não ser que haja outros posicionamentos muito fortes nos seus mapas natais. No entanto, são tremendamente xamânicos.
Talvez por isso, são excelentes a criarem desculpas a eles próprios numa espécie de sabotagem das suas próprias iniciativas. E não é que as razões que invocam são 'sempre' razoáveis? Quíron cuida dos assuntos da alma, portanto, a 'razão' fica de fora. Procuram, de alguma maneira, não desenvolver o seu 'poder de guerreiro' que lhes é inato. Quem se sobressai, são os que conseguiram deixar que o seu 'poder de guerreiro' se desenvolvesse e se mostrasse ao mundo. É o posicionamento mais xamânico de todos e, em simultâneo, estamos quase sempre a falar de curadores poderosos sem muita consciência desse talento. É um dos lados maias fortes da espiritualidade, desde que a natural impaciência seja dominada.
Um amigo meu possui todas as potencialidades para ser um nome muito ilustre no meio científico internacional. Já o é, mas poderia ser muito mais. Homem culto, ainda jovem (42), viajado, professor universitário numa faculdade de grande prestígio em Portugal, tem um papel relevante como investigador de uma matéria tão, mas tão tecnicamente especializada, que o melhor mesmo é nem tentarmos saber do que se trata, pois a maioria de nós, tal como eu, não iria entender nada. O que quero dizer é o seguinte: ele comenta com frequência que ao longo dos últimos anos da sua vida académica, tem estado «quase» a conseguir dar o salto para o desconhecido, ou seja, aventurar-se muito mais no plano internacional, mas que há sempre qualquer coisa que não lhe permite avançar. Dou um exemplo muito simples: os seus estudos e investigação são muito apreciados no estrangeiro e há algum tempo, teve um convite para se deslocar para o oriente durante 2 meses, para trabalhar com um grupo de académicos investigadores muito especializados e conceituados. Esteve a ponto de aceitar ausentar-se do seu local de trabalho durante esses 2 meses. Inclusivamente, tinha o apoio familiar para que se ausentasse, o que representaria um avanço enorme na sua carreira profissional. O mais certo seria Portugal perder mais um cientista, mas a isso já estamos habituados. No entanto, «escolheu» não ir. O motivo que deu a ele mesmo foi que o seu enorme sentido de responsabilidade não lhe permitia interromper as aulas que dava em Portugal, pois os alunos seriam prejudicados. A oportunidade passou-lhe mesmo ao lado. Agora, na esperança de receber novo convite para este ano, recebeu informações desse país que, devido à crise financeira a bater em todo o lado, não podiam admitir mais investigadores cientistas no seu grupo de trabalho. Aí, instalou-se a frustração neste meu amigo. A frustração de não ter desenvolvido o seu próprio poder de guerreiro, e o sentimento geral é de que a sua autonomia pessoal face ao exterior é sentida como insuficiente. Não sei se não foi ele próprio quem sabotou o seu guerreiro interno.
A sensação ou a experiência duma fragilidade inerente à própria realidade física e pessoal, que abrange também a dificuldade numa afirmação pessoal perante a vida, o ambiente e novas situações. Pode dominar a insegurança, a sensação de inadequação e a desvantagem perante o mundo; a pessoa sente-se pequena, inibida, oca, com uma falta de consistência interior que suporte uma investida e uma afirmação pessoal.
O corpo físico pode ser alvo de sensações ou de características incomodativas, podendo levar a pessoa a sentir-se desajustada ou inferior aos outros. O mundo físico pode ser sentido como hostil e estranho, fonte de dor e sofrimento. Para compensar, algumas pessoas desenvolvem comportamentos agressivos, desafiantes, violentos mesmo, como forma de procurarem impor o seu território e a sua individualidade, e de tentarem ultrapassar os receios e as insuficiências interiores. Por vezes, rejeitam mesmo qualquer expressão de insuficiência. Outras abandonam-se às sensações de impotência, derrotistas, incapazes de dar início a uma nova vida, não conseguindo ultrapassar as feridas iniciais e sendo arrastados por atitudes autodestrutivas e autocomplacentes.
Mas se encarado de forma positiva, esta posição de Quíron pode levar uma pessoa a experimentar um conhecimento mais profundo da essência da identidade pessoal, nomeadamente a corporal, e a tomar consciência da realidade que é mundo físico e material, além de adquirir uma outra visão da sua interioridade pessoal e das suas capacidades e riquezas inerentes. O caminho para a libertação (e aceitação) pessoal passa, muitas vezes, pelo contacto com outras pessoas (igualmente vulneráveis, disfuncionais em termos físicos ou com dificuldades no contacto com o mundo), e pelo trabalho com elas, ajudando-as a ultrapassarem ou a assumirem os seus problemas e a descobrirem-se e desenvolverem-se enquanto indivíduos distintos.
Há uma afirmação muito apropriada para quem tem Quíron em Áries / Carneiro ou Casa 1: «Vim a esta vida para ser útil a mim mesma através do que só eu sei fazer, tomando e concluindo as minhas iniciativa.»