«Sibirskiy tsiryulnik», Rússia/ França/ Itália, 1999)
Direcção / Realização: Nikita Mikhalkov
Elenco: Julia Ormond, Richard Harris, Oleg Menshikov, Alexei Petrenko,
Vladimir Ilyin, Marat Basharov, Daniel Olbrychski e Anna Mikhalkova
Vladimir Ilyin, Marat Basharov, Daniel Olbrychski e Anna Mikhalkova
Este fim-de-semana, estava eu a fazer zapping aos canais secundários de televisão por cabo, quando num deles iam iniciar a exibição de um filme. Detive-me mais um minuto para ver que filme iriam exibir e aparece-me o deslumbrante «O Barbeiro da Sibéria». Revi este filme que na época me impressionara bastante e que visto em retrospectiva, é, sem dúvida, um dos filmes da minha vida.
Uma sumptuosa co-produção europeia, que muito deu que falar pelos seus custos, comparáveis ao mega-sucesso «Titanic». Em meu entender, «O Barbeiro da Sibéria» é bem melhor que o «Titanic». Apesar dos seus custos desorbitantes, o que os diferencia em termos de sucesso de público, é a origem da produção. Um é europeu e o outro é americano. O filme americano passou nas salas de todos os países e o europeu, por o ser, apesar de falado em inglês com uns apontamentos em russo, não teve a acesso às mesmas salas.
Uma sumptuosa co-produção europeia, que muito deu que falar pelos seus custos, comparáveis ao mega-sucesso «Titanic». Em meu entender, «O Barbeiro da Sibéria» é bem melhor que o «Titanic». Apesar dos seus custos desorbitantes, o que os diferencia em termos de sucesso de público, é a origem da produção. Um é europeu e o outro é americano. O filme americano passou nas salas de todos os países e o europeu, por o ser, apesar de falado em inglês com uns apontamentos em russo, não teve a acesso às mesmas salas.

Douglas McCracken (Richard Harris) é um inventor que tenta vender aos russos a sua última criação: uma gigantesca máquina para desbastar florestas a que chama o «Barbeiro da Sibéria». McCracken contratara Jane Callahan (Julia Ormond), uma americana jovem e independente, para passar por sua filha e seduzir as autoridades ou futuros clientes na Rússia czarista de finais do séc. XIX.
Na sua viagem para a Rússia, Jane partilha a viagem de comboio com um grupo de jovens e irreverentes cadetes. Andrei Tolstoy (Oleg Menshikov) é um deles. Apesar do nome, este Tolstoy não é família do grande escritor russo. Entre duas taças de champanhe, o cadete apaixona-se perdidamente por Jane.
É uma das cenas mais espantosas que o cinema já nos deu. De uma dramaticidade intensa, toda a construção da situação remete-nos para uma cena de ópera. Só mesmo um russo como o realizador Nikita Mikhalkov poderia fazer passar a intensidade cultural da situação. Um retrato perfeito de uma época, de uma vontade, de um amor na vida de uma jovem americana cuja vida mudará para sempre com esta situação inesperada.
Como pano de fundo temos uma cultura, uma Rússia antiga mas que nem por isso deixa de ser actual. Uma luta no gelo, um dia de perdão, um amor proibido, uma civilização de extremos. Um filme simplesmente apaixonante.
Soube-me bem rever as lindas paisagens das estepes geladas da Sibéria, e os excelentes desempenhos do russo Oleg Menshikov e da inglesa Julia Ormond, assim como do veterano Richard Harris. O desempenho do general é simplesmente delicioso. Um fotografia espectacular e uma partitura fabulosa na companhia de uma obra (dentro do filme) que dispensa apresentações - «Bodas de Fígaro», de Mozart.
Numa encenação da ópera «Bodas de Fígaro» de Mozart, na Academia Militar, onde estava presente o Grão Duque e a sua família, Andre, cheio de ciúmes, ataca o General e à boa maneira da época, a situação resolve-se de forma refinada: o jovem Tolstoy é acusado de um atentado ao Grão Duque, e supostamente, o General colocou-se no meio, sendo golpeado pelo jovem, em vez do Grão Duque, tendo recebido louvores por isso. Acusado de um atentado ao Senhor da Rússia, Tolstoy é preso e deportado para a Síbéria, condenado a trabalhos forçados. A partida de Andre e de centenas de outros presos para a Sibéria é outro dos grandes momentos do filme, saído directamente dos conceitos de encenação próprios de uma ópera.
Jane tenta em vão encontrá-lo, mas só dez anos depois volta à Sibéria, com o fim de revelar a Andre um segredo...
Na sua viagem para a Rússia, Jane partilha a viagem de comboio com um grupo de jovens e irreverentes cadetes. Andrei Tolstoy (Oleg Menshikov) é um deles. Apesar do nome, este Tolstoy não é família do grande escritor russo. Entre duas taças de champanhe, o cadete apaixona-se perdidamente por Jane.
Já em Moscovo, e desejosa de rever Andre, Jane visita-o na Academia Militar, onde é também apresentada ao General Radlov (Aleksei Petrenko), o homem que o inventor McCracken lhe pedira para seduzir. Jane enfeitiça de tal forma o General Radlov que este quer casar com ela e pede ao cadete para o acompanhar a casa de McCracken, a fim de ler em inglês o seu pedido oficial de casamento. Mas, levado pela sua paixão, o jovem Andre revela os seus próprios sentimentos, enquanto lê o pedido do General.

Como pano de fundo temos uma cultura, uma Rússia antiga mas que nem por isso deixa de ser actual. Uma luta no gelo, um dia de perdão, um amor proibido, uma civilização de extremos. Um filme simplesmente apaixonante.
Soube-me bem rever as lindas paisagens das estepes geladas da Sibéria, e os excelentes desempenhos do russo Oleg Menshikov e da inglesa Julia Ormond, assim como do veterano Richard Harris. O desempenho do general é simplesmente delicioso. Um fotografia espectacular e uma partitura fabulosa na companhia de uma obra (dentro do filme) que dispensa apresentações - «Bodas de Fígaro», de Mozart.
Numa encenação da ópera «Bodas de Fígaro» de Mozart, na Academia Militar, onde estava presente o Grão Duque e a sua família, Andre, cheio de ciúmes, ataca o General e à boa maneira da época, a situação resolve-se de forma refinada: o jovem Tolstoy é acusado de um atentado ao Grão Duque, e supostamente, o General colocou-se no meio, sendo golpeado pelo jovem, em vez do Grão Duque, tendo recebido louvores por isso. Acusado de um atentado ao Senhor da Rússia, Tolstoy é preso e deportado para a Síbéria, condenado a trabalhos forçados. A partida de Andre e de centenas de outros presos para a Sibéria é outro dos grandes momentos do filme, saído directamente dos conceitos de encenação próprios de uma ópera.
Jane tenta em vão encontrá-lo, mas só dez anos depois volta à Sibéria, com o fim de revelar a Andre um segredo...

Nikita Mikhalkov (Moscovo, 21 de Outubro de 1945) é um cineasta russo, que nas décadas de 70 e 80 foi um conhecido dissidente soviético e pró-czarista. Entre os seus filmes mais notáveis, destacam-se «Olhos Negros», com Marcello Mastroianni e Silvana Mangano, filmado em Itália, e «Anna dos 6 aos 18», documentário filmado ao longo de 12 anos com a sua filha, tendo como pano de fundo a vida política soviética nos seus últimos anos, da morte de Leonid Brejnev ao golpe de Agosto de 1991. Em 1995 Nikita Mikhalkov ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro com «Utomlyonnye Solntsem».
Direcção: Nikita Mikhalkov
Roteiro: Rospo Pallenberg, Rustam Ibragimbekov, Nikita Mikhalkov
Fotografia: Franco Di Giacomo, Pavel Lebesev
Edição: Enzo Meniconi
Set Design: Vladimir Aronin
Guarda-roupa: Sergei Struchiov, Natacha Ivanova
Música: Eduard Artemyev
Produtores: Enzo Meniconi, Michel Seydouz, Nikita Michalkov
177 minutos
Roteiro: Rospo Pallenberg, Rustam Ibragimbekov, Nikita Mikhalkov
Fotografia: Franco Di Giacomo, Pavel Lebesev
Edição: Enzo Meniconi
Set Design: Vladimir Aronin
Guarda-roupa: Sergei Struchiov, Natacha Ivanova
Música: Eduard Artemyev
Produtores: Enzo Meniconi, Michel Seydouz, Nikita Michalkov
177 minutos