Estava eu muito sossegado na minha vida blooguística, quando me apareceu um comentário
aqui, e que fez despertar o meu interesse. Dizia assim:
«A voz do outro, Antônio, é tão importante quanto a nossa, porque nos fala sobre nós mesmos, revelando quem somos. É importante, portanto, dar voz ao outro, exatamente o que você fez aqui.». Era um comentário do Márcio Nicolau. E eu pensei 'Hum! Penso assim mesmo.' Desde esse dia, tenho acompanhado a evolução boguística deste jovem. Conforme o ia conhecendo, ia pensando cá para comigo: '
adoraria ter a tua companhia no Anel do Coração'. Esse dia, chegou. É hoje.
Admiro a delicadeza, inteligência, cultura, o bom gosto, a qualidade e o bem-estar do Márcio. Na escrita, na poesia, na música, na interacção com todos. Admiro muito a actividade do
Márcio Nicolau nos seus 3 blogues, que se complementam na perfeição. O seu blogue «
InterTextual» é o espaço que ele dedica à sua actividade mais literária, sobretudo à poesia, havendo outros textos e é o ponto de união e divulgação do seu projecto. O seu blogue «
Interview» é claramente um espaço de entrevistas, em que a poesia e a música andam de mãos dadas. O blogue mais recente do Márcio, em parceria com o
Saulo Taveira, tem o nome interessante de «
Intermediário», e creio que aí surgirão grandes surpresas, pois será a escolha dos próprios que prevalecerá.
Só mesmo percebendo o seu trabalho, como o faz, como o desenvolve, os múltiplos níveis em que se movimenta e o jeito determinado de quem chegou a uma fase da vida e iniciou o movimento interno de deixar um legado público. Os próximos anos confirmarão, ou não, essa vontade. Pois só o seu livre-arbítrio é que conta, apesar que estarem reunidas as condições para cumprir um futuro brilhante.
Este fazedor de pontes do signo Virgem tem uma enorme missão a cumprir e, digamos, que só agora está a levantar a ponta do véu. Vamos conhecer o
Márcio Nicolau que, em meu entender, representa o que de melhor a actual juventude pode oferecer. É muito bom seguir o rasto deste criador, pensador, poeta, escritor, comunicador, em suma, um fazedor de pontes, e que à maneira dele, está a fazer girar o seu próprio Anel do Coração.
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Saulo Taveira |
Texto-poema original,
aqui.
Saulo Taveira é o autor do excelente blogue «
Partitura» já mencionado
aqui. O '
Partitura' é um blogue falado, entoado, meio cantado, em que o autor expressa o que sente e pensa no momento. Um blogue original, diferente daquilo a que estamos habituados.
Vale a pena conhecer e acompanhar.
O leitor pode clicar nos nomes dos blogues mencionados ao
longo da entrevista, acedendo a esses espaços.
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Rio das Ostras, Brasil |
Olá Márcio, é um prazer fazer-lhe esta entrevista. Admiro muito a sua actividade nos blogues. Fiquei com a sensação que você maturou um projecto muito pessoal e depois soltou, vindo tudo à superfície pública. A minha curiosidade, por enquanto, é esta: Quando e como começou esta sua actividade e por quê? É um reencontro consigo mesmo?
Sim, trata-se de um reencontro. Pra começar, sempre acreditei no diálogo e hoje ainda creio. Na adolescência mantinha intensa correspondência com amigos à distância, com o passar do tempo o diálogo se interrompeu, o blog é a retomada. Além disso, é o reflexo da minha personalidade, por isso os textos que se inter-relacionam com imagens e som, quem me conhece sabe que este é o meu espelho.
Pelos vistos, essa ideia de diálogo manteve-se viva. Passou de um diálogo a dois, a uma conversa com muitos. A adolescência foi um momento feliz? Lembra-se do que lia e que música ouvia, então? Foram bases criadas em segurança para hoje saber seleccionar o que lê, o que ouve, o que escreve?
Sobre certo aspecto, feliz sim a adolescência. Li muito: Jorge Amado, Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Ruben Fonseca..., vários autores brasileiros. Ouvia MPB e foi nessa época que passei a colecionar canções, ler sobre os compositores e sobre a história da música, principalmente os anos 60. Sou quem sou hoje a partir disso.
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Rio das Ostras, Brasil |
Desde o momento em que conheci o «InterTextual», despertou em mim a curiosidade de conhecer todo o conteúdo. Felizmente, consegui ler todo o blogue. Chamou muito a minha atenção que a maioria dos comentários pertencem a outros poetas. É uma grande tendência dos blogues de poesia: fazem parte de uma comunidade, e a energia funciona em círculo crescente. Apetece-lhe comentar esta situação? Não seria interessante alargar o universo de leitores? Ou os não-poetas ficam aflitos e não sabem interagir com a poesia?
Como a própria vida, há dois lados. Num círculo, portanto, fechados, estamos fortalecidos, o que é salutar. Todavia é necessária a expansão. Não creio que a poesia genuína é aquela que se mantém restrita. Há os que defendem essa idéia por acreditar que a generalização corrompa a sua natureza, guardiões do pensamento poético que se enclausuram. Rejeito texto seleto, me alimento do diálogo (insisto), mas seleciono o meu alimento e não consumo porcaria. "A poesia é pra comer" e penso em alimentar os que tem fome.
Como começou a existir a poesia, para si?
Há duas possíveis respostas, ambas verdadeiras. A primeira delas é: ainda não existe, existirá. Estou ainda em construção, o blog é oficina. Segunda assertiva: sempre existiu, agora está existindo. Disse Paulo Freire, um educador e, portanto, poeta: "O mundo não é. O mundo está sendo."
Estamos sempre em construção. Tem consciência que a sua poesia, ou melhor, parte da que publicou, está a ficar ainda mais enxuta e militante? Uma militância de modernidade. Aqui e aqui.
Passei por algumas fases breves desde que comecei a publicar no blog. Desconstruí minha própria sintaxe, explorei conteúdo nominal e agora lanço mão do ganho adquirido com tais experiências e me arrisco prosaico. Tua análise está correta, é crescente, também, a militância.
No seu blogue «Interview», você escolheu iniciar o projecto, entrevistando dois poetas, a Carmen Sílvia Presotto [do «Vidráguas»] e a Lou Albergaria [do «A Loba de Ray-Ban», «vago(O)risco» e do «Sementes de Amora»]. Excelentes poetas e entrevistas muito bem conseguidas. Estamos a falar sempre do mesmo: o circuito da poesia? [Depois das perguntas terem sido enviadas, no «Interview» foram publicadas excelentes entrevistas, uma sobre música, ao THiago Hendrick, (aqui) e outra, que suscitou um debate importante nos comentários, ao poeta e futuro advogado, Samuel Vigiano, (aqui)]
Outros temas são abordados: música, por exemplo. Pano de fundo, no entanto, para análise do comportamento e discussões filosóficas. Interessa o ser humano por dentro.
Fale-nos um pouco sobre você, o autor dos blogues, o que o faz mover, os seus interesses, o que o deixa feliz? Esteja à vontade para comentar aquilo que lhe parecer mais adequado.
Sou movido a som, estou em movimento. Quero dizer com isso que acredito no efeito sonoro da linguagem. Percebo o movimento, analiso, interpreto e respondo, produzo vibração em resposta aos sons harmônicos e aos ruídos. "Pra pedir silêncio, eu berro. Pra fazer barulho, eu mesmo faço."
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Rio das Ostras, Brasil |
Márcio, já lhe disse algures, que você é um fazedor de pontes. Identifico-me muito nisso. A confirmar esta minha ideia, como se não bastasse a forma como você se movimenta na internet, criou um projecto em parceria com o Saulo Taveira, que despertou muita atenção: o seu blogue «Intermediário». Recordo-me do 1º post, muito bom, em que você pegou numa provocação de Nelson Rodrigues, «Toda mulher gosta de apanhar?», e pediu às poetas Carmen Sílvia Presotto e à Lou Albergaria para comentarem, o que fizeram com brilhantismo. Gostei muito da provocação, mas o que me intrigou foi exactamente essa aparente separação de águas, com os seus blogues de poesia e entrevistas. Porque escolheu as mesmas pessoas que entrevistou? Fechando universos? Fazendo círculos uns dentro dos outros?
Sim, "uns dentro dos outros". A intenção é através das diferenças, revelar as semelhanças. O
Intermediário além de intermediar, servir de ponte, quer fazer interferências. Produzir chiados e reduzindo hiatos, mostrar a imagem nítida. Uma antena capta a essência e as lentes flagram, por trás do texto, a pessoa.
A sua resposta «Produzir chiados e reduzindo hiatos, mostrar a imagem nítida. Uma antena capta a essência e as lentes flagram, por trás do texto, a pessoa.» é um poema disfarçado de resposta ou é a sua essência a afirmar?
São reveladoras sim estas palavras. Ou seja, quase sempre falamos de nós mesmos. (risos)
Que importância têm estes seus projectos na sua vida?
Serei redundante: vital.
Como classifica a literatura erótica e o que pensa da pornografia presente na web? Márcio, esta pergunta copiei-a a si mesmo, sabe disso, não é?
Nova redundância, percebo que a pergunta é retórica. A literatura erótica, já está classificada: erótica. E a pornografia na web, sabemos, está presente. Povoando imaginários.
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Rio das Ostras, Brasil |
Quem é o poeta Márcio Nicolau? Conheço parte do seu mapa natal e sei que você tem a sua Lua natal em Leão. Neste sentido, é para cumprir com a necessidade da sua alma. Assim, como vê a ideia de que um dos seus propósitos superiores de vida seja receber o reconhecimento e aplauso dos outros pelo que faz bem feito? Como se um holofote o iluminasse e você recebesse o aplauso? Está a cumpri-lo ou a sua mente tenta sabotar o que a alma lhe pede?
Virginiano recusa notoriedade e se constrange perante a evidência. Tímido. Por outro lado, foge dos holofotes, justamente porque, egocêntrico, se julga alvo simultâneo dos refletores todos. Além disso, hábil manipulador julga ser a sua opinião aguardada porque determinante, por isso, algumas vezes se esconde de si mesmo porque se superestima. Introspectivo, desenvolve o potencial analítico. Costumo dizer que me antecipo, eu chego antes, para "sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus".
Não receia que esse «Introspectivo, desenvolve o potencial analítico» o leve a distanciar-se das emoções, a analisá-las em demasia? Já agora, gostaria de saber porque considera ser «egocêntrico», só porque se vê como «alvo simultâneo dos refletores todos»? Que mal tem nisso? E se realmente a sua tarefa interna é fazer essa síntese?
O convívio com o outro diminui o risco do distanciamento excessivo a que você se refere. Quanto à segunda pergunta, o mal é perder a medida e se achar o centro do universo. A tarefa interna é achar o equilíbrio.
Para terminar esta parte, tem a certeza que se superestima, mesmo? Nesse caso, não deveria se esconder de si mesmo. Portanto, pergunto-lhe: tem em alta conta a sua inteligência ou a sua pessoa, a sua essência? Oxalá, me diga que sim.
Sim, por isso digo que me superestimo. Felizmente tenho uma virtude que me livra da arrogância: gosto de partilhar.
É uma 'necessidade', 'conhecimento' ou o 'gosto' pelo assunto, o que vale mais na criação de posts dos seus blogues?
O gosto pelo assunto quase sempre sinaliza conhecimento. Mas acredito que escrevemos por necessidade.
Eu sei que você visita outros blogues. Esta é a parte da pergunta em que você pode homenagear os blogues que mais aprecia. Por favor, indique alguns que mais gosta e porque são do seu agrado?
As autoras já mencionadas, claro, são parte das recomendações. «
Vidraguas» é um portal, uma editora, um site bastante acolhedor. Os blogs da Lou são quentíssimos e me instigam. Há 3 outras páginas de poesia que julgo valiosíssimas: «
Periódico Subversivo» da autora Aline Morais (uma Elisa Lucinda), «
Soltando Linhas», da Pérola Anjos (uma brasileira) e «
Coração Vagabundo», do Samuel Vigiano, um paulistano delicado que advoga em favor da palavra. Pérola e Aline participaram do «
Intermediário» e o Samuel foi entrevistado em dezembro no «
Interview», uma entrevista que causou estremecimento. Mas a poesia dele é muito sólida.
Sendo você da serra, o que mais o atrai no mar? Pergunta tola, não é?
A perspectiva do horizonte. Além disso, morar de frente pro mar e acompanhar os ciclos, variações, me ensinou a transitoriedade das coisas.
Gostaria muito que indicasse (com os respectivos linques) alguns posts escritos por si que, em seu entender, sejam muito especiais e, qual a razão para essa sua escolha.
Blogs são ensaios, rascunhos. Livros são insubstituíveis. No entanto creio, mesmo que venha a me publicar em livro, manterei a página de diálogo virtual. A propósito, em novembro estreei em livro com um poema publicado em «
Postigos», livro de Carmen Silvia Presotto que conta com outros convidados. Uma alegria.
Compreendo essa «alegria» que diz ter sentido ao ver um poema seu publicado no «Postigos». Foi só isso que sentiu? Alegria?
Senti também insegurança quanto a validade artística da poesia escrita. Depois veio a alegria.
Apesar de ter blogues ainda jovens, considera que está a atingir os seus objectivos quando criou os criou?
Sim, cresceram muito rapidamente, graças ao feedback dos leitores. Interlocutores são fundamentais a um escritor em potencial.
Numa frase curta, pode dizer o que pensa sobre:
a) Blogoesfera - Escritores amadores, alguns deles feras que deveriam se profissionalizar. Além disso universo psicoterápico.
b) O seu projecto bloguístico - Experimentação. Via que se encaminha para a afirmação da personalidade criativa e, no percurso, responde à paisagem.
c) Amizade na blogoesfera - Possível.
d) Plágio - elogio indireto. (Possivelmente o mais sincero).
e) Redes sociais - Não posso falar mal, porque também sou peixe, mas acho que estão sendo mal empregadas.
f) O seu país -Talvez responda dizer que não moraria em nenhum outro lugar do mundo.
Os comentários dos seus leitores são importantes para si? Interage com eles? Eu sei qual será a resposta, mas a ideia é dá-lo a conhecer a pessoas que não estejam ainda habituadas a si.
Respondo aos comentários com a minha presença em seus locais de origem. Bem entendido: não faço barganha, mas sinalizo abertura. Posiciono impressões, as vezes, críticas. Silencio ante a recusa ao diálogo ou atitudes mesquinhas que visem, de maneira apelativa e/ou medíocre, a auto-promoção. Acima das vaidades estão as idéias.
Márcio, convidei duas pessoas que estimas para te fazerem perguntas:
Carmen Sílvia Presotto [do «Vidráguas»] - «Márcio, vivemos um tempo em que, cada vez mais, a TV, o cinema, a fotografia, a música e a palavra conVersam entre si e o Intertextual apresenta isso muito bem, então te pergunto: Podemos pensar que essa aproximação das Artes, um tempo híbrido de linguagem, seja uma nova possibilidade poética?»
As linguagens, de maneira natural, se inter-relacionam. Um lugar leva ao outro e, na internet, as fronteiras se cruzam e, ao mesmo tempo, inexistem. Cada pessoa, além disso, é um texto e as analogias revelam, muitas vezes, confluentes as leituras de mundo.
a) «Homem na hora de sexo, também gosta de apanhar e só os neurónios reagem?»
Os passivos reagem com passividade.
b) «Você faria sexo com mais pessoas ao mesmo tempo, tipo uma mènage a trois? Se sim, estou na fila....hehehe»
Como diria o Cazuza: "Viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois". Amo você.
António: Márcio, seguem mais umas perguntas extras, está bem?
Entrando nos seus posts: é frequente acompanhar os seus poemas com som ou vídeos de músicas brasileiras. Já vi posts com Chico Buarque, Milton Nascimento, Marina Lima, Maria Rita, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto, Carlinhos Brown e muitos outros. Foi o que primeiro me chamou a atenção em si, pois saía fora do mais comum que se faz. Percebe-se que os seus interesses musicais atravessam várias gerações. Pode comentar esse lado da a sua vida que é a música? A parte mais central desta pergunta foi feita mais acima, pela Carmen.
Tenho grande interesse por música brasileira, que, todos sabem, é a melhor do mundo. Acredito serem poesias as letras de música e coleciono, de memória, várias canções. No «InterTextual» permito a intertextualidade. Outra coisa a saber: sou um saudosista incorrigível, o que explica o gosto por épocas musicais anteriores a mim. Apesar de atento ao que se ouve hoje.
Você é um jovem de 1980 e tem 'saudosismo' de épocas bem distantes da sua. Muito curiosa a palavra usada por si. Vou propor-lhe uma hipótese meramente metafísica, pode ser? Imagine que na sua vida anterior, nos anos 50 e 60, você era um jovem entre os vintes e os trintas e absorveu toda essa cultura, sobretudo a musical. Consegue imaginar-se nessa época? Como reage a isso? Por favor, não pense, reaja apenas.
Há duas respostas possíveis, a primeira, talvez a mais reativa, é a seguinte: vivi nessa época. A segunda, mais racional, é: o mergulho na história, através da leitura me fez viver essa época. Acredito em ambas.
Também eu, Márcio. Um leva ao outro.
Um outro aspecto dos seus posts é aquilo que eu chamo de «cidadania». Textos e vídeos sobre os direitos dos brasileiros e a vossa constituição. Gostei muito desta intervenção, muito intensa, mas digna. Militante, mas poética. Como encaras o mundo de hoje, tão cínico e cheio de perversões sociais? Desenvolve tudo o que quiseres.
Eu me preocupo. Principalmente com a omissão alheia e ausência de ideais de mudança. Também me preocupo com as falsas rebeldias, indignações aparentes escondem indiferença. A verborragia da mídia sensacionalista, por exemplo, me assusta como a hipótese de censura porque esvazia e descredita o discurso. Arma poderosa usada em excesso é tiro que sai pela culatra. Sabotagem, sem dúvida.
Aceita que eu lhe diga que gosto muito de si e dos seus blogue? Fique com um grande um abraço.
Muito obrigado, Antônio. A entrevista foi uma oportunidade ímpar de me olhar. Obrigado por fornecer o espelho de perguntas.
Os meus agradecimentos à Carmen Sílvia Presotto, à Lou Albergaria e ao
Saulo Tavares, que prontamente aceitaram colaborar neste entrevista.
São seus amigos de alma.
Márcio, muito obrigado.
António Rosa
Informação adicional:
Conheça a entrevista que o Márcio deu a Lou Albergaria, no
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