Fernando Nobre
Nascido a 16-12-1951, em Luanda, Angola
Seu CV pessoal, bastante importante, aqui. Vale a pena ser lido, pois não estamos a falar de um zé qualquer.
Aos leitores de outros países que não conheçam Fernando Nobre,
uma breve explicação:
Com um percurso cívico (fora da política) deveras impressionante, este Doutor em Medicina e Cirúrgia, foi fundador e presidente da AMI - Fundação Assistência Médica Internacional (género médicos sem fronteiras) de 1984 a 2010, quando decidiu candidatar-se às eleições de Presidente da República Portuguesa, que se realizaram no dia 23 Janeiro 2011, tendo ficado em 3º lugar, com cerca de 600 mil votantes, num universo de 9 milhões (números redondos). Para quem vinha do mundo civil, pode-se considerar um feito notável. Isto deveu-se a que Júpiter em trânsito fazia uma conjunção ao seu Júpiter natal em Carneiro / Áries.
Acontece que Portugal viu-se no caminho de eleições legislativas (parlamento, governo) antecipadas e a semana passada surgiu a notícia que Fernando Nobre, entraria como independente nas listas do PSD (o actual partido da oposição ao governo, com possibilidade de poder criar governo, desta vez) [
ver minha análise astrológica das próximas eleições, aqui] com
«o exclusivo e inequívoco propósito de ser presidente da Assembleia». Ou seja, passaria a ser o nº 2 do nosso país. Maior ironia não pode haver. Se, por qualquer motivo o actual Presidente da República estivesse impedido de exercer o cargo temporariamente, ele exerceria, automaticamente e de forma administrativa, essa função.
Afirmou ao jornal 'Expresso' que
«poder ser presidente [do Parlamento] é uma mensagem para a sociedade civil: um independente pode chegar a um alto cargo no Estado, onde pode marcar.» E eu pergunto: Marcar o quê? Fazer discursos ou contar os deputados presentes? Será um caso de megalomania absoluta? Um caso de ilusão muito grande?
Tendo explicado isto, deu-me vontade de perceber o que se passava com os trânsitos de Fernando Nobre, mas apenas para perceber porque teve esta súbita e desmedida necessidade de grandeza pessoal. Enquanto astrólogo, só me apetece fazer esta análise, sem me preocupar com os resultados eleitorais, por agora. Só quis perceber porque um dos homens mais notáveis da vida civil do país, de repente, passou a sentir necessidade de ter muito poder político.
Atenção aos leitores menos prevenidos: devido a não se saber a hora de nascimento de Fernando Nobre só se podem analisar os aspectos que os planetas nos signos fazem, sem se ter em conta as casas onde se situam. Clicar na imagem para aumentar.
O que chama imediatamente atenção nos trânsitos de Fernando Nobre é que
Neptuno esteja peregrino. Logo, muito poderoso no mapa. Vamos já explicar: diz-se estar peregrino quando não faz aspectos astrológicos maiores (trígonos, sextis, conjunções, quadraturas e oposições) aos planetas pessoais natais (Sol, Lua, Mercúrio, Vénus, Marte). Mas este caso é bem mais forte, pois não faz nenhum aspecto aos restantes planetas do zodíaco: Júpiter, Saturno, Úrano, Neptuno e Plutão. Está mesmo muito peregrino e por isso, torna-se, no momento das suas decisões,
no planeta mais proeminente do seu mapa.
Falemos de forma prolongada deste Neptuno dominante.
Neptuno evolui pela dissolução das fronteiras, barreiras e diferenças entre os seres, através de processos psíquicos de identificação. Neptuno imprime a ânsia de libertação da materialidade e da individualidade, o fim do isolamento, da dor, da tristeza, da separatividade, a «obsessão» em escapar de tudo aquilo que é sentido como limitante, frustrante e doloroso. Em Neptuno movem-se os impulsos emocionais e regressivos que procuram atrair o indivíduo para um paraíso perdido.
Neptuno por dar a renúncia à separatividade e à individualidade, impulso para a desdiferenciação e indiferenciação (procura da plenitude unificadora), anseio pelo paraíso perdido, transcendência emocional das limitações, das frustrações e do sofrimento, inspiração artística, sensibilidade imagética, compreensão mística, auto-sacrifício.
Também pode provocar situações destas: relações simbióticas, de dependência ou de masoquismo, relações de parasitismo, martírio e sacrifício autodestrutivo, estabelecimento de ligações asfixiantes, ingenuidade, passividade e apatia, infantilismo e narcisismo,
falta de objectividade, confusão, ilusão e decepção, debilidade e instabilidade psíquica, introversão excessiva, desorganização, ideias e motivações caóticas e vagas, divagações estéreis, falta de regras e directrizes, vontade fraca, indecisão, idealização excessiva, distorção da realidade, mentira, perspectiva muito «cor-de-rosa», imaginação desenfreada, submissão e permeabilidade excessivas ao ambiente, excesso de impressionabilidade e susceptibilidade ao sofrimento, às frustrações e às limitações.
Já toda a gente entendeu com este texto o que se passa astrologicamente, com Fernando Nobre. Isto vai dar muito que falar.
Oxalá ele não saia humilhado desta situação.
Tendo Neptuno entrado esta semana em Peixes, signo do qual é regente, todas estas questões amplificaram-se e agudizaram.
Mas existem outros trânsitos com um peso enorme nos trânsitos de Fernando Nobre, nesta fase da vida dele, pois daqui por um ano tudo será diferente e mais desanuviado na cabeça dele.
Falemos agora de Saturno
Saturno em trânsito está a fazer-lhe o 2º retorno de Saturno. Está a atirá-lo para a terceira e última fase da sua vida. Saturno representa a ordem, o método, o Senhor do Tempo, o chefe, aquele que manda, o governo. Quem diria que um homem tão especial e com uma vida cívica tão preenchida, como Fernando Nobre iria passar por desmedida necessidade de grandeza pessoal. [
Pode ler aqui mais profundamente sobre os retornos de Saturno que se dão entre os 29/30 anos e os 58/60 anos.]
As associações importantes podem começar ou terminar. Mas também a pessoa pode tornar-se mais intransigente, mais exagerada, mais exigente, podendo prejudicar-se por ser demasiado inflexível, mesmo actuando honestamente, como é característico desta influência astral.
Esta passagem de Saturno pode significar um momento de fragilidade vital, com alguma teimosia, possível dureza de posições, uma certa inflexibilidade e mesmo alguma intransigência.
Uma coisa parece ser certa neste segundo retorno de Saturno: se a pessoa consegue perceber que, devido a estas possíveis atitudes, está a encaminhar-se para uma vida de cristalização e consegue ter força de vontade para aligeirar esta carga pesada, o futuro a seguir apresenta-se risonho, agradável, cheio de projectos para concretizar.
Está na idade ideal de ser convidado para um lugar importante no cenário internacional, mais de acordo com o seu projecto de vida (ONU, UNESCO, etc.). Ainda vai a tempo!
Outros trânsitos poderosos no mapa de Fernando Nobre.
Olhemos para o seu
Júpiter, o planeta que pode provocar manias de grandeza ou mesmo megalomanias.
Está a receber dois aspectos muito fortes. Uma conjunção de
Úrano, a querer ser diferente, ousado, com vontade de rasgar o convencional, ao ponto de afirmar que se não conseguir o cargo que quer, renunciará imediatamente ao mandato de deputado. Obviamente, com esta afirmação, percebe-se que a vontade não é servir o país, mas sim a sua vontade pessoal.
Também uma quadratura de
Plutão, a querer a toda custa poder, neste caso poder político, ou aquilo que ele imagina que é poder político. Qualquer português medianamente informado sabe que o cargo que Fernando Nobre tanto ambiciona, o de presidente da Assembleia da República, é mais uma figura de 'senador', do que de alguém que detém poder político real. Oxalá não saia humilhado desta situação, pois o PPD tem demonstrado que tem memória de elefante. E tem muitos barões que não apreciam esta situação.
Aguardemos pelos tempos mais próximos.
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