É uma comédia romântica típica dos anos 90 mas com o toque de classe dos filmes de época: a trama é ambientada em 1593. É Verão e o jovem astro do teatro londrino da época, Will Shakespeare (Joseph Fiennes), sofre a pior punição possível a um artista: um bloqueio criativo. Não importa o quanto tente - apesar da pressão dos patrocinadores e dos donos do teatro - ele, simplesmente, não consegue trabalhar na sua mais recente peça, «Romeo and Ethel, the Pirate’s Daughter».
O teatro em Londres do século XVI tinha grande aceitação popular e da nobreza. Ainda hoje, pois é a cidade com mais teatros a funcionar em simultâneo. A certa altura do filme, a Rainha Elizabeth I (Judi Dench) afirma que o teatro (então baseado em comédias de aventuras) não consegue reproduzir o amor trágico dos humanos. Representou um grande desafio para William.
Como os trovadores, Will sentia falta de uma musa. Foi quando Lady Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow) entra na sua vida. Muito à frente de seu tempo, Viola quer ser actriz. As mulheres, no final do século XVI simplesmente não faziam isso. Qualquer coisa mais do que casar e ter filhos era considerada uma ousadia sem limites. Actuar numa peça de teatro, então, era considerado uma verdadeira depravação. Os papéis femininos no teatro isabelino eram desempenhados por homens.
Para conseguir realizar o seu sonho, Viola (Gwyneth Paltrow) disfarça-se de homem para fazer um teste na peça de Will. Mas o disfarce vai caindo à medida que a paixão começa. E a pena de Will (Joseph Fiennes) começa a fluir novamente, dessa vez, transformando o amor em palavras, com Viola tornando-se sua Julieta na vida real. A criação de Romeu viria logo depois. Mas a felicidade dos dois é ameaçada por mais um costume da época: os casamentos arranjados. Viola é forçada a casar-se com o insuportável Conde de Wessex (Colin Firth) e assim a acção prossegue.
O director John Madden mostra que, mais que musa e amada de Will, Viola é uma personagem paralela à da rainha Elizabeth, havendo vários pontos comuns entre elas: a renúncia ao amor em nome do dever e da posição social, a paixão e o devotamento ao teatro - e o desempenho de trabalhos masculinos: a rainha, dando ao reino britânico a hegemonia que este nunca tivera antes; Viola, salvando simbolicamente o teatro e a arte, pois, ao representar o papel de Romeu, torna possível a apresentação da peça naquele momento. As duas: mulheres à frente do seu tempo - cultas, inteligentes, arrojadas. John Madden coloca na boca de Elizabeth as palavras: 'Eu sei o que significa para uma mulher exercer a tarefa de um homem.' Essas afinidades explicam porque a rainha protege a jovem Viola que transgredira um tabu ao subir no palco e representar um papel. Ironicamente, ela representa o papel de Romeu, enquanto um jovem rapaz representa Julieta.
Gwyneth Paltrow (27-09-1972) atingiu o grande estrelato com este filme. Em 1995 contracenara num papel secundário com Brad Pitt, no filme «7 Pecados Capitais», também mencionado neste blogue, aqui. Começaram a namorar nesse ano e terminaram a sua relação em 1997. Este namoro levou-a à categoria de grande celebridade, mas ainda sem grandes créditos como actriz principal. Conseguiu esse estatuto com o Oscar obtido pelo filme que tratamos hoje. Filha do director Bruce Paltrow e da actriz Blythe Danner casou-se em 5 de Dezembro de 2003 com Chris Martin, vocalista da banda de rock inglesa Coldplay, com quem tem dois filhos: Apple, nascida em 14 de Maio de 2004 e Moses, nascido em 10 de Abril de 2006.
Judi Dench (Dame Judith Olivia Dench - North Yorkshire, 9 de Dezembro de 1934) faz o curto e decisivo papel da Rainha Elizabeth I. Judi Dench é a galardoada actriz britânica que desempenha o muito conhecido papel de «M» na série James Bond.
Rupert Everett numa curta intervenção no papel de Christopher Marlowe, o eterno rival de William Shakespeare. Lembram-se dele no papel de amigo gay e chefe de Julia Roberts no filme 'O Casamento do Meu Melhor Amigo'? E aquele momentum delicioso em que a família da noiva (Cameron Diaz), liderados por Rupert Everett cantam, à mesa do restaurante? Inesquecível, essa cena.
23 comentários:
Ah! Esse filme eu assisti!
Filmes de época são os mus prediletos!
Qdo morava com meus pais e tinha TV por assinatura, eu assistia muitos filmes maravilhosos!
Agora na TV aberta é raro um filme bom; só alugando.
Esse, A Paixão de Shakespeare, é espetacular! Final triste, mas muito belo.
Bjo na alma, amigo!
um dos melhores filmes da nova geração do cinema ... amei ...
parabéns pelo registro
bjux
;-)
Caro António!
Assisti ontem novamente, passou na tv a cabo.
Adoro este filme.
Bjs no coração
Filme apaixonante mesmo, Antonio Rosa
Gosto muito.
Recordei agora com seu texto.Obrigada pelo presente.
Abraços
Um belo filme que ficou ainda mais bonito com seu amor.
beijos
Querido, que post delicioso!!!! Aliás, tô adorando seus posts cinematográficos.
Esse filme me marcou também, inclusive por um detalhe extra: nossa querida atriz Fernanda Montenegro concorria neste ano ao oscar de melhor atriz, junto com a Gwyneth, pelo filme Central do Brasil. Foi a primeira vez que o Brasil concorria a um oscar dessa importância. Perdeu... mas fez história!
abraço!!!
Eu também gosto muito deste filme. :)
Beijocas
que linda sinopse vc fez. vou assistir e depois te conto.bjoka
António
Gostei muito deste post sobre o "Shakespeare in Love", que nunca me canso de rever.
Penso que é um dos filmes felizes porque tudo é quase perfeito: o guião, os diálogos, as personagens, as cenas, os cenários, até as fatiotas! E os actores, belissimamente escolhidos!
Revela, acima de tudo, o imenso amor ao teatro.
Também gosto muito do Rupert Everett em comédias, tem um jeito inato para esses papéis. Essa cena que recordou aqui, todos a cantar no restaurante, é inesquecível!
Ana Gabriela (do Facebook)
(http://rio_sem_regresso.blogs.sapo.pt)
António, já vi várias vezes... E mais verei! Histórias inglesas são como o Chocokid! :-P
Bem haja!
beijos***deFada
Reyel
Também aprecio muito os filmes de época, pois colocam a nossa efabulação a funcionar, levando-nos a sonhar com situações exteriores à nossa presente reencarnação.
Beijos.
Paulo,
Gostaria muito de falar de filmes mais antigos que estão na minha lista de 'filmes da minha vida', mas falta-me tempo para os rever antes de escrever qualquer coisa. Aos poucos...
:)
bjux
Tereza
É sempre prazenteiro, não é? Também gosto.
Beijos
.Lis
Foi um prazer. Eu só me atrevo a escrever sobre estes filmes depois de os rever e nem sempre disponho d e oportunidade para tal.
Beijos
Angela
Sem dúvida, que é um filme que exalta o amor. Até o coração da dura rainha fica mais brando.
Beijo
Marcelo,
Muito obrigado pela opinião. Primeiro revejo os filmes e depois e toda a busca de ilustrações e informações. Reconheço que são posts que me dão prazer fazer, apesar de andar numa onda de 'menos escrita'.
Bela recordação a sua sobre a actriz Fernanda Montenegro, uma das ,imhas grandes divas.
Abraço
Joana
Ainda bem, pois somos uma multidão a gostar do filme. Só os severos críticos é que não gostaram. Beijos.
Mitti,
Obrigado, querida. Vai sair inspirada depois de ver o filme. Viva o amor. Beijo
Ana Gabriela,
Muito agradecido por ter vindo ao blogue. Vou ver o seu blogue. Beijo.
Fada
Também sou fã de histórias inglesas. Tenho demonstrado isso por aqui, com alguns posts cinematográficos. Viva o Chocokid.
Beijos.
Olá António, ainda nunca vi este filme.Mas também adorei a cena do restaurante no filme Casamento do meu melhor amigo.Beijocas grandes.
Maria de Fátima,
Quando puderes vê este filme. É delicioso. Beijos.
Amor, Amor, Amor!!
Lindo de morrer.
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