Um belíssimo livro de poemas sobre a nossa Ilha de Moçambique
Com edição da Texto Editores (Grupo Leya) e destinado ao mercado moçambicano, Luís Filipe Correia Mendes, em finais de 2010, publicou o seu belíssimo livro de poemas, «A Ilha de Todos».
Conheço o Luís Filipe desde que éramos crianças. Digo que eu é que o conheço, porque simplesmente sou mais velho que ele 43 dias. É um bom argumento, não acham? Crescemos juntos, na companhia de outros 'naparraias' no único sítio do mundo que podemos chamar simplesmente de a «ilha», pois todos de lá sabemos que nos estamos a referir à Ilha de Moçambique, a Pérola do Índico. Quantas ilhas existem no mundo? Claro, que apenas uma. A ilha. Não foi por acaso que o autor deu o título de «A Ilha de Todos». Nem precisou de dizer a que ilha se estava a referir. A ilha não tem dono, pois é de todos nós. Os que lá vivemos e os que ainda vivem. Os que lá nascemos (ou não) e, também, os que lá morremos.
Vou dar a palavra ao autor, o meu amigo de infância e juventude, e poeta, Luís Filipe Correia Mendes, extraído do seu livro:
«A Ilha de Moçambique é um pedaço do meu corpo. Constituo uma espécie de rochedo que nem as ondas do Mar conseguem desgastar através dos tempos. [...] Percorrer os labirintos da Ilha, sentir o odor do incenso cristão, dos temperos orientais, do peixe frito, do feijão jugo, do amendoim torrado, do tori-tori [...] Aprender a escutar um tufo, ouvir o cântico cristão ou a oração Azan cinco vezes ao dia no cimo da Mesquita muçulmana reduz a dimensão do nacionalismo primário. [...] Uma das condições fundamentais para se sentir sem nacionalidade ou seja, ser da Ilha é sermos abertos a trocas de experiências, assumirmos as nossas vivências, contactos, saberes através de atitudes activas tornando-nos agentes de transformação do Mundo.[...]»
Sou suspeito ao dizer que este livro é belíssimo, porque sou da Ilha, mas atrevo-me a dizer que ler e sentir estes poemas, é uma experiência única, pois conseguimos entrar no coração do autor. É partilharmos o mesmo amor pela ilha.
Reproduzo aqui um dos poemas deste livro.
Ilha de Todos Nós
Casuarinas plantadas
À beira mar
Inclinadas pela força
Do vento
Não cedem
Nem apagam
Com o tempo
A passagem dos maniqueus
Que cantaram e exortaram
Em nome da fé e da amizade
Falsos critérios
Sustentados pela intolerância
Crueldade e fanatismo.
Hoje
Restam os poetas
Que vivos ou mortos
Cantam a sua beleza
A forma cromática
Da sua vida interna
As palavras divulgadas
Pelas casas abandonadas
O encanto das árvores e flores
Que desabrocham e frutificam
Sem intervenção humana!
A minha Ilha é um Tesouro
Suspenso num rochedo de cristal
Líquido e transparente
Onde sonhadores tranquilizam
O seu ego
Onde o aroma das flores, o cheiro
Do iodo provindo do mar
Fazem os poetas dissertar!
Contacto em Moçambique para saber da possibilidade de aquisição desta obra:
Email: info@me.co.mz
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5 comentários:
Bom dia António querido!
Deve ser uma bela aventura entrar na poesia do seu amigo Luís Filipe!
Linda ilha!
Beijos...
Astrid Annabelle
Bom dia, Astrid,
Foi muito gratificante, sobretudo porque conhecia muito pouco do trabalho poético dele.
Fiquei muito feliz com a sua visita.
Beijos.
Valentim
Bom António, mais um post bem ao teu jeito. Dizer o quê? tudo o que aqui colocas toca sempre alguém, de alguma maneira.
Esta é a tua natureza.
Um beijo bom fim de semana.
Valentim,
Um grande beijo e bom fim-de-semana. Obrigado.
Olá, Antônio
Cá entre nós, os poetas sabem com o que ficar!!!
Abraços fraternos e excelente fim de semana.
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