O maduro e culto inspector William Somerset (Morgan Freeman), um veterano negro da polícia de Nova Iorque, está a sete dias da reforma do seu trabalho como investigador. O seu substituto é o detective David Mills (Brad Pitt), recentemente transferido, um jovem branco com quem William se desentende desde o primeiro momento. Os dois são arrastados para a investigação de uma série de crimes brutais e bizarros.
Alguém anda a matar de forma sistemática várias pessoas, duplicando os sete pecados capitais e assassinando cada um deles de forma particularmente sádica. Metódico, grotesco e criativo, o assassino John Doe (Kevin Spacey) executa cada morte com uma perfeição absoluta e está prestes a executar a sua missão. Será que irá conseguir?

David Fincher é um daqueles realizadores que me coloca sempre em estado de profunda ansiedade por cada filme que anuncia. «Sete Crimes Capitais» (1995) é uma das obras primas do moderno cinema americano. Talvez um dos melhores policiais de sempre.
O argumento é inteligente, profundo, filosófico por vezes, com várias alusões ao cristianismo (os sete pecados capitais fazem parte da teologia cristã e católica), com pormenores e metáforas subtis, absolutamente deliciosas. O ambiente é negro, aliás se Hitchcock realizasse filmes nesta década, com certeza seriam parecidos com «Se7en». A banda sonora é perturbadora encaixando perfeitamente no filme.

O elenco é formidável dando outro nível à longa-metragem. Brad Pitt prova que não é só uma cara bonita e Morgan Freeman foi a escolha certa para o filme. Kevin Spacey aparece em apenas meia hora de filme e não deixamos de ficar arrebatados pela sua interpretação de John Doe.
Gwyneth Paltrow faz o papel de Tracy Mills, esposa do detective David Mills (Brad Pitt), numa interpretação excelente e intensa. No entanto, como ainda não atingira o estrelato, pois era o 3º filme que fazia, Gwyneth Paltrow tem um papel secundário neste filme, com poucas falas.


«Sete Crimes Capitais» não é um filme leve, nem para ser visto por todas as idades. É uma visão muito realista do crime de hoje em dia. David Fincher não teme em chocar a audiência, assim como não tem problemas em mostrar um mundo decadente. Um mundo em que o crime impera. Dotado de um twist final fantástico que completa a saga do serial killer de uma forma brutal, este é daqueles filmes que nos deixam estarrecidos e boquiabertos perante um clima macabro, original, de cortar à faca e completamente envolvente.
Vaidade - Inveja - Preguiça - Avareza - Gula - Luxúria - Ira
Os conceitos incorporados no que se conhece hoje como os «sete pecados capitais» trata-se de uma classificação de condições humanas conhecidas actualmente como «vícios» que é muito antiga e que precede o surgimento do cristianismo mas que foi usada mais tarde pelo catolicismo com o intuito de controlar, educar e proteger os seguidores, de forma a melhor compreender e melhor controlar os instintos básicos do ser humano.
O que foi visto como problema de saúde pelos antigos gregos, por exemplo, a depressão (melancolia, ou tristetia), chegou a ser transformado em pecado pelos grandes pensadores da Igreja Católica. Assim, a Igreja Católica classificou e seleccionou os pecados em dois tipos: os pecados que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão, e os pecados capitais, merecedores de condenação. A partir de inícios do século XIV a popularidade dos sete pecados capitais entre artistas da época resultou numa popularização e mistura com a cultura humana no mundo inteiro.

O número 7 está muito presente no filme. O director David Fincher no início da película faz caminhar os protagonistas por uma rua onde o número de todas as portas começam por 7 (753, 748, 757...). Só reparei nisto quando vi o filme pela segunda vez.
O surpreendente final do filme - a «ira»
pela perda do ser amado. Os extremos tocam-se.
pela perda do ser amado. Os extremos tocam-se.