29 de janeiro de 2011

Astrologia Cármica e as Casas nos mapas - Apontamentos para aula - nº 1

[Texto © António Rosa, 2004, 2007, 2011]

Devido à sua extensão, este artigo foi dividido em 3 partes/posts.
Clicar para aceder: Parte 1 (é este texto) - Parte 2 - Parte 3
Estão autorizados a levar o texto para efeitos de estudo.

«Na realidade “o tempo” fora da terceira dimensão não existe, portanto
o que classifica como passado está ocorrendo no eterno agora.»
Astrid Ananbelle
[daqui]

Introdução
A Trajectória Cósmica do Nosso Espírito:
Astrologia Cármica, Reencarnação e Espiritualidade

Haveria muito a dizer sobre a forma circular do mapa astrológico: o círculo é um perfeito símbolo de unidade. O tema é uma mandala, isto é, uma visão do mundo, encerrada num círculo geometricamente dividido, cuja estrutura ajuda à meditação. Assim, o tema torna-se um "suporte de mancia": um objecto que, pela sua forma, permite que a intuição seja libertada. Os videntes de toda a Antiguidade utilizaram o fogo, a fumaça, os seixos jogados ao acaso no solo, etc.

A intuição divinatória costumava ter necessidade de um suporte para se manifestar: não há dúvida de que o mapa astral representa também esse papel; a sua forma redonda, as suas divisões geométricas activam os mecanismos secretos da intuição. A cruz formada pelo horizonte e o meridiano, inscrita nos 360° da circunferência, são os símbolos eternos que falam ao subconsciente de cada um de nós.

A divisão do espaço celeste em quatro quadrantes, cada um com três casas, ou seja, 12, tem ressonâncias numerológicas e simbólicas tão fortes, que todas as religiões do mundo o utilizaram. Mandala é uma palavra indiana, mas a realidade é universal. A estrutura íntima do cosmos está provavelmente baseada nos números 3, 4 e 12. As religiões cristãs falam das "12 tribos de Israel", dos “12 Apóstolos”, dos “4 Evangelistas”, da “Santíssima Trindade”, etc. quatro e três são sete, e se combinam ainda em 9, 12, 45 e tantos números "sagrados" utilizados pela astrologia.

A acrescentar a isto a ideia transmitida pela entidade Kryon, do Serviço Magnético, que diz que a matemática cósmica tem o sistema 12 como suporte universal e não o sistema decimal, como o utilizamos nesta nossa terceira dimensão, aqui na Terra.

A divisão do mapa em 12 casas delimitadas pelos quatro Ângulos do Céu é fundamental.

As casas são campos vitais, nos quais se aplica a nossa energia. Isso é válido não só para esta vida, como também para toda a nossa trajectória cósmica - compreendendo também as nossas vidas precedentes.

Teoricamente, a Terra está no centro do tema. Os detractores da astrologia vêem nisso uma prova de sua falsidade, já que sabemos bem que a Terra não é o centro do nosso sistema solar. A isto pode-se responder que o tema descreve o nosso ponto de vista de terreno. Quando tivermos adquirido “perfeição” e objectividade, quando estivermos livres das cargas terrestres, passaremos para um plano cósmico solar: poderemos ter então um tema "visto do Sol" – o chamado sistema heliocêntrico. Actualmente, aliás, muitos astrólogos utilizam tais temas, já nessa perspectiva espiritual.

O ASCENDENTE


Representa o estado presente da entidade, o "ponto" da sua evolução para esta encarnação. A partir desse local-chave organiza-se todo o horóscopo, esse mapa do céu que a pessoa "assinou" antes de nascer. O Ascendente e a casa 1 exteriorizam a personalidade da pessoa nesta encarnação - mas não necessariamente o seu Ser profundo. Certos espaços dele mesmo podem permanecer secretos, ocultos enquanto dura esta vida. Muito simplesmente porque a entidade decidiu desenvolver uma aptidão, em vez de outra, que está programada para a vida seguinte: não se pode procurar um desenvolvimento em todos os sentidos, ao mesmo tempo!

O crescimento da alma é um longo trabalho que se faz de vida para vida, um detalhe após o outro. Recantos inteiros do nosso ser permanecem adormecidos a cada encarnação. A partir do Ascendente, há quem pense que as casas 2, 3, etc. indicam vidas a vir, ao passo que, regredindo no sentido inverso, as casas 12, 11, 10, etc. significam as vidas precedentes, a começar pela última.

Inúmeros autores pensam que nós encarnamos segundo a ordem dos signos, de modo a aprender sucessivamente as 12 lições cósmicas inscritas no Zodíaco. Esse será, certamente, um dos segredos esotéricos melhor guardados da humanidade. Pensa-se que as pessoas que têm uma casa 12 muito "habitada" por um número importante de planetas, entre os quais Neptuno, já cumpriram todo um ciclo. Seria a sua última encarnação, para esse ciclo.

Mas é provável que percorramos várias vezes o Zodíaco a fim de rematar o que não fora terminado. A roda das casas e dos signos representa a "roda das reencarnações", ou Samsara indiano.

O Ascendente seria então como um dos ponteiros de um relógio sobre um quadrante, indicando a hora da evolução da alma. Em suma, em que ponto ela está, na sua jornada cósmica. (Cf. a Bíblia: "Para mim, um dia é como mil anos", diz o Senhor.) O Ascendente indica onde plantamos a nossa tenda, nessa viagem através do tempo e dos espaços interplanetários. É exactamente uma etapa.

AS CASAS DE ÁGUA

As três casas que correspondem, por analogia, aos três signos da Água: a casa 4, de Câncer/Caranguejo, a casa 8, de Escorpião, a casa 12 de Peixes, parecem estreitamente ligadas às coisas cármicas. Elas contêm uma enorme quantidade de informações sobre as nossas vidas anteriores. Todas as três estão carregadas de um passado que ainda nos marca, sobretudo se são densamente habitadas. Planetas retrógrados, nós, luminárias, recebendo inúmeros aspectos, revelam as suas dimensões cármicas nessas casas.

A casas 12, 8 e 4 trazem os reflexos que adquirimos nas nossas vidas anteriores, reacções emocionais criadas pelos traumatismos e erros de outrora. Devemos livrar-nos desses resíduos afectivos e físicos, desses comportamentos do passado, para nos adaptarmos à nova encarnação. Mas podemos decifrá-los ainda claramente nessas casas. As pessoas com "casas da Água" muito fortes, aliás, têm, em geral, reminiscências bastante fortes das suas vidas anteriores. Frequentemente são muito mediúnicos ou possuem enorme clarividência, e têm um contacto permanente com os planos invisíveis.

Infinitamente sensíveis aos ambientes, essas pessoas perceptivas sabem e sentem coisas que nem sempre têm palavras para exprimir. O tempo, para elas, não está limitado a esta encarnação; não vêem na matéria a simples realidade existente, como tantos dos nossos contemporâneos ocidentais. Não esquecem nada (se a 4 e a 8 estiverem, no seu caso, fortemente habitadas).

Esses "nativos da Água" vivem tempestades angustiantes, furacões internos que têm dificuldade em superar. Aspiram à serenidade, embora se apeguem a comportamentos obsoletos que só fazem acarretar outras tormentas. Isso verifica-se sobretudo quando o Sol e Lua se hospedam nessas casas.

Os psicólogos materialistas ocidentais - esses consertadores da alma - muitas vezes fracassam ao tratar essas pessoas, uma vez que as motivações destes têm raízes num nível cármico muito profundo - nas paixões violentas das suas vidas anteriores.

Evidentemente, os que cercam essas pessoas jamais compreendem por que eles reagem tão fortemente a tão pequeninas coisas. Um encontro aparentemente banal uma canção, uma paisagem, lançam-nos num estado de profunda perturbação, desencadeando as ressonâncias profundas da memória cármica.

A pessoa assim hospedada no fundo das grutas marinhas da casa 4 (ou 8, ou 12), não é feliz: aspira profundamente a se libertar de um fardo cármico de obsessões muito antigas. Os medos, os fantasmas, os espectros dos quais gostaria de se livrar estão inscritos nessas três casas.

Mas para limpar dos seus armários todos os fantasmas que ali foram encerrados, é preciso coragem: afrontar lúcida e bravamente todos esses fantasmas que apodrecem na memória.

Enquanto a pessoa se recusar a abrir o armário para dar a vassourada, permanecerá prisioneira desses laços emocionais passados que a estrangulam. E isto pode ser feito, actualmente, com o processo de terapia de vidas passadas. Uma parte da sua energia está paralisada. O primeiro passo para a libertação começa no dia em que a pessoa admite a possibilidade de ter dívidas para consigo mesmo. E talvez mesmo para com os outros!

Se se empenha nessa via de auto conhecimento, esses traumatismos tornarão a emergir à superfície consciente, criando um choque. A pessoa reviverá, para melhor exorcizá-las, as suas lembranças dolorosas e as suas fraquezas. Pouco a pouco, a força destas diminui, o seu peso alivia, libertando a energia vital do sujeito. Quase todos os grandes místicos descrevem esta experiência, embora sob formas muito diversas, segundo as regiões e as culturas. Toda a psicoterapia deveria, portanto:

1. Admitir o peso das vidas anteriores.

2. Avaliar esse peso e as suas consequências sobre o "aqui e agora".

Clicar para aceder: Parte 1 (é este texto) - Parte 2 - Parte 3

.

15 comentários:

  1. Bom dia António Rosa. :))

    ..palavras para quê?? é um Grande Astrólogo (e) Português...

    Adorei, vou partilhar.

    Um fim-de-semana com muita alegria!!

    Filomena

    ResponderEliminar
  2. Estou adorando estudar tudo isso Antóno querido!
    Só pode ser um BOM DIA!
    Um beijo grande e muito agradecido também pelo link inesperado!
    Astrid Annabelle

    Vou partilhar... claro!

    ResponderEliminar
  3. Bom dia ,

    Refletindo sobre a lição . Podemos comentar sem aguardar as demais?

    Lendo o texto veio a mim a importância do auto-conhecimento e como essa busca paulatina e incessante é de vital importância , como dormir e se alimentar. É a saude da pessoa, como um todo, que está em jogo .
    Uma lua de 8 e mercurio de 12 não pode se furtar a essa conclusão, não é mesmo? E até por isso fui buscar na Wikipedia o conceito de vacina , palavra que me ocorreu fortemente durante a viagem(leitura)

    Eis a colheita: As vacinas são geralmente produzidas a partir de agentes patogênicos ou ainda toxinas previamente enfraquecidas . Ao inserir no organismo esse tipode substância fazemos com que o corpo combata o agente levando a síntede de anticorpos que protegem o organismo além de desenvolver a memória imunológica tornando mais fácil o reconhecimento do agente patogênico em futuras infecções e aumentando a eficiência do Sistema imune em combatê-lo.
    Quando o corpo é atacado não chega a desenvolver a doença porque o organismo encontra-se protegido.
    Desculpe o comentário longo , mas senti que essa pesquisa não foi à toa e que o pensamento e a memória não inscrevem palavras sem sentido em nossos corações . Penso mesmo que o enfrentamento das angustias está ligado a conhecer sua substancia, descer às " grutas marinhas", olhá-las de frente ou mesmo por dentro da memória e dar a Cesar o que é de Cesar . Dar elementos para que os problemas e vivencias tenham inteireza para que se equilibre suas forças.
    Tomar , talvez, homeopaticamente , conhecimento sobre os pontos de mal estar para se preparar para a caminhada futura , simplificar uma equação mais pesada até uma operação matemática simples e acessível.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. Olá António,

    Muito bom este artigo.
    Gostei de viajar por esta exposição de ideias e meditar sobre essa metáfora de "grutas marinhas".
    Obrigado

    Abraço,
    g.

    ResponderEliminar
  5. Filomena

    Muito obrigado!! :))

    Já terminei a preparação de todo o artigo, dividido em 3 posts. Amanhã ao meio-dia sairá o nº 2, e na segunda-feira, o nº 3.

    Preciso de descansar.

    Abraço.

    António

    ResponderEliminar
  6. Querida Astrid

    Tenho tudo já preparado e agendado. Reler e refazer este texto deixou em mim marcas profundas. Sinto necessidade de descansar. Neste exacto momento, não me apetece mexer mais no blogue.

    Beijos

    António

    ResponderEliminar
  7. Leila

    Lua de 8? Seja bem-vinda ao clube. Recomendo que esteja atenta à 3ª parte deste artigo, que será publicado na segunda-feira. Vai gostar do que falo sobre a Lua na 8.

    Abraços

    António

    ResponderEliminar
  8. Gonçalo

    Percebi imediatamente que qualquer cosia se estava a passar contigo, pela positiva. Fui ao teu blogue e volto lá, de seguida.

    Abraço grande

    António

    ResponderEliminar
  9. Antonio querido!!! Quanta gratidão sinto por comartilhar seu conhecimento conosco e por ser teu amigo.
    Que aula maravilhosa!!!
    Este é um projeto de um livro?
    bjo no seu coração!

    ResponderEliminar
  10. Olá Marcelo

    Não é livro. É apenas material que estou a recuperar e refrescar de aulas que dei anos atrás e que me pareceram úteis para serem divulgado.

    Abraço

    António

    ResponderEliminar
  11. Boa noite António,

    Bem-hajas por tamanha doçura intelectual. ;)
    Já tinha imensas saudades de vir aqui...

    Tenho levado o descanso a sério...em modos de preparação a 100% quando Júpiter ingressar na 1, ;))))

    Um beijo de saudades!
    MP

    ResponderEliminar
  12. António, super interessante o tema das vidas precedentes á luz da Astrologia.

    Eu com 3 planetas na casa 12, Sol, Urano e Venus, e 2 planetas na casa 4, com os dois luminares em água, Saturno na 5 retrógado e Jupiter na 4 retrogado, com carneiro na 8 e seu regente a 0 graus domeio do céu em gémeos, lembro-me de quem fui na minha vida anterior.

    recentemente ao ver um mapa de uma amiga minha, disse-lhe que equivocos trazia nas suas memórias e que tinha que desenvolver para resgatar seu Karma.

    Para minha surpresa ela confirmou o tipo de pessoa que foi, só que nunca ninguem lhe tinha dito o porque de estar a repetir constantemente seu Karma antigo.

    Esta minha amiga tinha seu sol progredido em conjunção com Kiron natal na casa 5, um dos filhos estava a passar por um momento depressivo,foi o momente cosmico de tomar consciência e começar a curar as suas feridas.

    Tudo isto para dizer que a Astrologia, pode e deve ser um valioso instrumente de cura, respeitando o livre arbitio das pessoas, isto é não evoluimos quando queremos mas quando é a altura, mas a resposta final de aceitar evoluir é sempre da própia pessoa

    ResponderEliminar
  13. Olá Antonio

    Adorei o seu texto, encontrei muitas respostas na astrologia cármica, pois tenho essas cobranças internas de vidas passadas; tenho a casa 4 e 12 com aspectos bem significativos e bem um netuno retrogrado na casa 12. Somente no estudo da astrologia cármica e com terapias de vidas passadas que entendo certas sensações/percepções que tenho desde a infancia.
    Vou acompanhar as outras partes, com certeza!
    Abraços
    Luciana

    ResponderEliminar
  14. António,

    Ontem foi a última coisa que fiz foi ler este post. Deu para meditar e de tal maneira que nem deixei comentário. Conhece o meu mapa e sabe com 3 planetas na 12 em stellium Neptuno, Saturno e Sol e na 8 um Júpiter retrógrado, não ando muito longe de todas estas coisas que escreveu. Eu sinto-as e às vezes sinto-me abismada dos pensamentos que tenho e até onde "consigo viajar"!
    Foi bastante importante para mim ler este post, afinal sinto-me normal:)
    Devia de haver uma escola para ensinar todos aqueles que querem ajudar os doentes depressivos, psicóticos e os que andam perdidos e não sabem porquê.
    Vou ler os posts seguintes, porque apareceram mais depressa do que eu esperava.

    Bom domingo e mais uma gratidão enorme por tudo isto.

    Adelaide

    ResponderEliminar
  15. Maria Paula
    Rui
    Universo
    Adelaide

    Acreditam que me esqueci de vir aqui agradecer os vossos belos comentários?

    Ainda bem que suscitou as vossas reflexões. Isso emociona-me, pois é sempre bom sentirmos a vibração positiva de quem nos lê.

    Grande abraço

    António

    ResponderEliminar

«O leitor tem o direito de discordar destes posts e de ter outras ideias, e eu lutarei até ao fim para que você mantenha o seu direito a dizer o que pensa, educadamente, de forma civilizada e até agradável, se conseguir. Se for difícil para si manter estas premissas, o melhor é não dizer nada. Tente comportar-se com os outros da mesma forma que quer ser tratado/a.»Esteja à vontade neste blogue, pois aqui não há letrinhas torcidas, nem moderação.Tente não ser anónimo, e crie a sua própria identidade, nem que seja com um pseudónimo. Clique aqui, para saber como.Grato pelo seu comentário, António Rosa