8 de outubro de 2012

Filmes da minha vida - Inglourious Basterds [Sacanas Sem Lei]



Este foi um dos filmes que vi na noite de Consoada. E ainda bem que assim foi, pois não tivera oportunidade de o ver em sala de cinema, a quando da sua estreia. Gostei imenso de «Inglorious Basterds». Demais. Passado entre nós com o patético título de «Sacanas Sem Lei». Ainda por cima, com uma justificação boba: 'Malandros, Patifes ou Meliantes parece que já estavam registados'. Gente, o problema não está na palavra 'sacanas', mas sim o 'sem lei'. É no que dá, quando a falta de criatividade impera.

É um filme de Quentin Tarantino, o que faz com que assistamos a uma peça montada como só os contadores de histórias o sabem fazer. Com uma valente piscadela de olhos aos espectadores cinéfilos. Encontramos todos os ingredientes que dão prazer aos cinéfilos. Quanto ao grande público, duvido que apreciem as minudências de um filme com assinatura.


Christoph Waltz no papel do Coronel Hans Landa, 'o caçador de judeus'.
Um excelente actor e um grande papel.



Shoshanna Dreyfus [Mélanie Laurent] assiste à execução da sua família, directamente pelas mãos do Coronel nazi Hans Landa, o conhecido 'caçador judeu' [Christoph Waltz]. Mesmo assim, Shoshanna consegue fugir para Paris e começar de novo, com uma identidade falsa, neste caso, enquanto dona de um cinema.

Entretanto, o americano Tenente Aldo Raine [Brad Pitt] organiza um grupo de soldados judeus, orientado para atacar alvos localizados na França ocupada: os famosos 'Basterds' (sacanas, malditos, patifes). Por favor, não traduzam para 'bastardos', pois nesse caso, a palavra inglesa é outra - bastards. Uma pequena nuance que altera todo o sentido.

Juntamente com uma actriz alemã e agente infiltrada, de seu nome Bridget von Hammersmark [Diane Kruger], eles planeiam derrubar o Terceiro Reich. Os destinos convergem todos para o cinema onde Shoshanna planeia a sua própria vingança, pois todo o estado maior nazi, incluindo Adolf Hitler, estaria presente numa gala de propaganda ao regime, com a exibição do filme germânico "O Orgulho da Nação", que conta a história de um soldado alemão que em 3 dias matou mais de 300 soldados americanos, tornando-se num herói do regime.

Para essa sala de cinema, havia dois planos distintos com um objectivo comum: a destruição do III Reich. Nenhum dos grupos tinha conhecimento do outro.

A dona do cinema,
Shosanna [Mélanie Laurent] que, anos antes, havia escapado à fúria assassina do 'caçador de judeus', preparou-se meticulosamente para incendiar o seu próprio cinema, fazendo arder 350 filmes guardados em nitrato. Para isso, contava com a colaboração do projeccionista da sala, o seu namorado Marcel [Jacky Ido]. O plano era colocarem atrás do ecrã todas as cópias de filmes altamente inflamáveis, fecharem todas as saídas e esturricarem os presentes. Era a vingança pessoal da judia Shoshanna Dreyfus e do seu namorado de raça negra. Menciono a raça do namorado, apenas para enfatizar a ironia de Tarantino: judeus e negros, duas das raças mais odiadas pelo regime nazi.

O outro plano pertencia aos serviços secretos dos aliados, que contava com a ajuda da actriz alemã, a viver em França e refugiada do nazismo, Bridget von Hammersmark [Diane Kruger], uma famosa actriz alemã que na verdade colabora com a Resistência Francesa. A ideia era conseguirem introduzir os 'basterds' na sala de cinema, para fazerem explodir o recinto com dinamite.

Como compreenderão, estou a simplificar muito. Este é o plot do filme.








Brad Pitt, com 46 anos, feitos no passado dia 18 de Dezembro, chegou àquela fase da sua carreira, em que pode escolher papéis insólitos e marcantes, demonstrando ser um excelente actor, à maneira dos grandes nomes como Robert De Niro e Marlon Brando, que passaram a ser mais apreciados pela sua arte e menos pela sua beleza e bom aspecto. Neste filme, Brad Pitt, chega a parecer irreconhecível, tal foi a quantidade de tiques que ele incorporou à excelente interpretação do seu personagem. Muito bom.



Quentin Tarantino chamou Brad Pitt, Diane Kruger, Daniel Bruhl, Christoph Waltz, Mike Meyers, Michael Fassbender e Mélanie Laurent para participarem num tributo a «Quel Maledetto Treno Blindato», um filme de guerra italiano, de 1978, realizado por Enzo Castellari e que saiu nos EUA com o título "The Inglorious Bastards". Por isso, Tarantino deu ao seu filme, um título muito similar: «Inglorious Basterds».

Um dos teaser do filme.



Este filme não trata especificamente de ser mais uma película sobre a Segunda Guerra Mundial. Nada disso. O 'cenário-ambiente' é esse. Mas o filme é um excelente exercício de história alternativa, de história ficcional, com uma enorme homenagem ao «cinema».


Se não, vejamos: uma sala de cinema, uma dona dessa sala, um projeccionista, uma famosa actriz alemã, as 350 cópias de filmes embebidos em nitrato, a projecção de um filme nazi e dezenas de dezenas de outros pormenores cinematográficos. Se juntarmos a esta homenagem ao «cinema», ao facto de todos sabemos que o Terceiro Reich investiu imenso na propaganda através de filmes e documentários, resta apenas esta ideia genial: fazer com que o Terceiro Reich desapareça numa sala de cinema. Absurdo? Não. Absolutamente cinéfilo. :)))


Só um cineasta de grande arcabouço se atreveria a fazer um filme para o público americano, onde se falam várias línguas: americano, inglês, alemão, francês, italiano, espanhol. Um filme, maduro, sério e ao mesmo tempo muito divertido.



Brad Pitt    no papel do 'basterd' Tenente Aldo Raine. Grande papel e grande actor. A sua especialidade neste filme... bom, não posso contar, lamento mesmo.



Um dos teaser do filme.

Site do filme:
www.inglouriousbasterds-movie.com/



Mais sites sobre o filme: 1 - 2 - 3




Quentin Tarantino, ao centro, no set de filmagens.



Um dos teaser do filme.


Diane Kruger no papel da actriz alemã Bridget von Hammersmark.
Um desempenho excelente.


Eli Roth no papel do Sargento Donny Donowitz.
Um verdadeiro 'basterd'.


Mélanie Laurent no papel da judia Shosanna Dreyfus,
dona do cinema onde se desenrolam as cenas principais do filme.


Vídeos

Com legendas em português






Em francês






Oiçam o americano Aldo Raine [Brad Pitt] a tentar dizer
com pronúncia italiana a palavra 'arriverdeci'.
Intencional e delirante. Grande filme. Grande actor.






1ªpublicação no «Cova do Urso» em 26-12-2009





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1 comentário:

  1. Um show este seu post...eu não veria o filme se não tivesse lido tudo isto escrito por aqui...
    beijão
    Astrid Annabelle

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