22 de novembro de 2007

As Casas angulares, sucedentes e cadentes


Casa I
Casa Angular de Fogo - identidade em acção
A Casa I começa no Ascendente (que é a cúspide da Casa I) e pode prolongar-se pelo signo ou signos seguintes.
Tal como todas as outras casas do mapa astrológico, pode estar "vazia" ou conter vários planetas.
No seu conjunto, o complexo Ascendente-Casa I constitui um dos mais importantes aspectos do horóscopo.
Complementando o Ascendente, a Casa I dá-nos mais informações sobre a nossa primeira identificação com a vida: é a primeira inspiração do bebé recém-nascido, a sua primeira troca energética com o meio.
Por estar naturalmente ligada ao nascimento, o Ascendente e a Casa I são activadas sempre que começamos alguma coisa. Quando tomamos iniciativas e encetamos algum projecto, estamos a "nascer" de novo para alguma actividade ou acção.
Pela análise desta área do mapa astrológico, podemos ter indicações adicionais sobre o tipo de experiência através da qual nos descobrimos como indivíduo, a forma como tomamos iniciativas e a forma como começamos as acções.
Descreve mais pormenores sobre a imagem que projectamos exteriormente: dá algumas pistas sobre a maneira como os outros nos vêem, tanto do ponto de vista físico como no aspecto comportamental.
Casa II
Casa Sucedente de Terra - segurança concreta
É nesta área de vida que vamos concretizar, fixar e dar forma ao que iniciámos sob o impulso do Fogo Angular da Casa I.
É aqui que entramos em contacto com os recursos, valores próprios e posses pessoais; é aqui que nos deparamos com o conceito de valorização, segurança e estabilidade.
A Casa II representa os recursos que temos ou queremos ter para nos sentirmos seguros e "importantes". Esta área do mapa mostra aquilo que valorizamos, o que nos dá segurança; os recursos e atributos que nos dão o sentido de valor.
Estes recursos são físicos e patrimoniais, mas também podem ser emocionais, psicológicos ou espirituais Nesse sentido, os amigos, a cultura ou a saúde podem também ser considerados "recursos pessoais" tão ou mais importantes como o dinheiro e a gestão e acumulação de bens.
Assim, vamos vivenciar o auto-valor, os recursos e as posses, nos mais diversos níveis:
material e concreto: os objectos que possuímos; o corpo físico como elemento de auto-valor, com a sua resistência e aptidão fisica.
moral e psicológico: as nossas qualidades, os recursos de que dispomos para sobreviver - coragem, preserverança, inteligência, etc.
espiritual: devoção, desapego, generosidade, etc.
Vemos, assim, que esta casa indica não apenas o "ter" mas também o usar e o gerir, actividades aqui encaradas como complementares ao "ser".
Casa III
Casa Cadente de Ar - conhecimento intelectual e social
Depois da grande libertação de energia do nascimento e da sua "descida à Terra", chega o momento de perceber e interagir com o mundo exterior.
Esta casa representa a primeira tomada de consciência do não-e, o primeiro o processo de distinção sujeito-objecto.
É, assim, a casa do meio próximo, do "ambiente" da infância. Indica de que forma vivemos as relações com os irmãos, vizinhos e colegas de escola, o processo de aprendizagem. Também nos dá pistas sobre o processo de aquisição da linguagem (como forma de apreender o mundo).
A Casa III rege:
- todas as situações de comunicação, os processos mentais lógicos
- a aprendizagem
- a mente concreta e o lado esquerdo do cérebro (raciocínio, dedução, etc.)
- as deslocações de curta distância, as "pequenas viagens"
- as relações com ambiente imediato (aquilo que nos rodeia)
Dá indicações sobre a forma como pensamos, comunicamos, escrevemos e nomeamos as coisas, a nossa atitude face ao conhecimento, e ainda sobre a maneira como exploramos o ambiente imediato. É a nossa "descrição" do Mundo.
O Fundo do Céu
É o ponto mais "interno" do mapa natal. Representa o sentido de unidade interior que cada ser transporta consigo. É o "eu aqui dentro", o centro da existência de cada ser.
Tal como o Ascendente (outro ângulo importante do mapa natal), o Fundo do Céu representa um aspecto essencial da estrutura do indivíduo. Mas ao contrário do Ascendente, que se manifesta na expressão imediata e directa, o Fundo do Céu raramente é vivido de forma consciente.
Por este motivo, o Ascendente representa a auto-imagem imediata, enquanto o Fundo do Céu simboliza a auto-imagem inconsciente. O primeiro mostra a forma como nos expressamos no imediato, a forma como começamos as coisas; o segundo revela o que somos "cá dentro", a nossa base interior.
Para além de ser a cúspide da Casa IV, o Fundo do Céu marca também o início do Segundo Quadrante.
Neste ponto de interiorização máxima começamos a refinar (Segundo Quadrante) tudo aquilo que somos (Primeiro Quadrante).
O signo que se encontra na cúspide da 4ª Casa dá indicações sobre o princípio e o fim da vida. Simboliza simultaneamente o berço e o túmulo.
Revela ainda a forma como nos comportamos na intimidade e em todas as situações em que nos sentimos "em casa".
Casa IV
Casa Angular de Água - acção emocional
A Casa IV, que tem a sua cúspide (início) no Fundo do Céu, representa as origens, o passado, as raízes emocionais, psíquicas, familiares e raciais.
Esta Casa vem complementar o significado do Fundo do Céu, da mesma forma que a Casa I complementa as indicações dadas pelo Ascendente.
A Casa IV descreve a forma como agimos na privacidade, a influência familiar, a vivência e "atmosfera emocional" da infância. Pode também dar indicações sobre a forma como vemos/sentimos um dos progenitores (o pai ou a mãe, conforme os casos).
Simboliza igualmente a relação com a linhagem familiar, o espírito de família ou de "tribo". Representa não apenas o lar de família, mas também ao nosso refúgio interior.
É o ponto de assimilação da experiência emocional relativa a tudo o que foi vivido nas casas anteriores (as "memórias de infância"). É na Casa IV que se faz a integração e estruturação da mente, corpo e sentimentos, bem como a manutenção das características individuais do eu.
É a matriz, a base de operações e o centro de poder.
Rege tudo o que tenha a ver com abrigos, refúgios e lares de infância, assim como a experiência emocional do início e do fim da vida.
Casa V
Casa Sucedente de Fogo - segurança da identidade
A Casa V marca o início de um novo ciclo de identidade.
Nesta área de vida, porém, já não basta existir, como acontecia na Casa I. Aqui, sentimos a necessidade de sermos especiais.
Estamos agora, na fase da manifestação do ser como entidade individual, independente e única: a afirmação do indivíduo como "ele mesmo".
Enquanto na casa anterior, de Água, vivemos o sentimento de sermos quem somos, nesta casa de Fogo aprendemos a exteriorizar esse sentimento, transformando-o em auto-expressão criativa.
A Casa V rege todas as actividades associadas à auto-expressão do ego.
Esta auto-expressão pode tomar diversas formas, todas elas associadas à Casa V:
Criação: a capacidade de criar, as minhas criações. Estas podem ter um carácter artístico ou estender-se a outras áreas de expressão.
Procriação: a capacidade de gerar, os filhos. As crianças são aqui encarados mais como projecções do ego do que como "outras pessoas" independentes e autónomas.
Recriação: capacidade lúdica, de criar divertimentos e jogos. O "flirt", os namoros, os casos amorosos, a popularidade em geral estão incluídos neste grupo, por se tratarem de expressões do eu, mais do que de "relacionamentos" com parceiros.
Complementando a Casa IV, a Casa V dá-nos indicações sobre a Criança Interior que existe em cada adulto.
Casa VI
Casa Cadente de Terra - conhecimento concreto, material
A Casa VI representa o ajustamento, aprimoramento e diferenciação do Eu. Está associada à purificação, tanto fisica como espiritual.
Esta Casa refere-se ao disciplinamento do eu, ao "trabalho de bastidores", que será uma preparação para um melhor funcionamento e integração em sociedade.
Dá-nos pistas sobre o nosso "funcionamento" do dia-a-dia e sobre a forma como encaramos os rituais da vida mundana, as rotinas diárias.
Revela as "ferramentas", habilidades e técnicas de que dispomos para o auto-aperfeiçoamento. Mostra também a nossa atitude perante o "dever" o trabalho.
A Casa VI está rege vários temas aparentemente distintos mas, na verdade, profundamento relacionados: a saúde, as doenças, o trabalho, o aperfeiçoamento pessoal, os deveres e os animais domésticos.
As doenças são aqui encaradas como bloqueios de energia criativa que não é usada produtivamente. Quando os nossos deveres e rotinas no mundo do trabalho não correspondem às nossas verdadeiras necessidades, arriscamo-nos a ficar doentes. Da mesma forma, um trabalho compensador pode promover o bem-estar e a saúde.
Quanto aos animais domésticos, é por demais conhecido o efeito benéfico que podem ter sobre as condições de saúde dos donos. Além disso, os animais eram antigamente vistos como serviçais (outro tema da Casa VI), que ajudavam aos cumprimento das rotinas diárias.
A Casa VI rege, assim, tudo o que está tem a ver com limpezas, rotinas e deveres. Relaciona-se também com a nossa capacidade de trabalho e de auto-aperfeiçoamento.
O Descendente
Ao longo do percurso que nos levou da Casa I à Casa VI, experienciámos a nossa dimensão física, intelectual e emocional.
Todo este campo de experiências pertence à primeira metade do mapa, àquela que está "abaixo do horizonte" e que diz respeito à vida pessoal, privada.
Na Casa VII emergimos "acima do horizonte", iniciando o Hemisfério Diurno. um contexto cada vez mais abrangente: primeiro os parceiros, depois a Sociedade, finalmente o Colectivo.
O Descendente indica essa mudança de direcção: é "o ponto de consciência do Outro", o momento em que percebemos que nada existe como entidade separada.
O signo que se encontra no Descendente mostra o que procuramos no parceiro (por vezes de forma totalmente inconsciente), o "ambiente" que queremos ter nas relações e também as energias que precisamos desenvolver para ficarmos completos.
Casa VII
Casa Angular de Ar - acção social e intelectual
Sendo a primeira Casa acima do horizonte, a VII refere-se aos relacionamentos.
Define as relações "de igual-para-igual", o compromisso mútuo e a forma como encaramos a Sociedade.
Rege todas as associações oficiais, coom casamentos e contratos de negéocio; rege igualmente todas as associações ou confrontos pessoais, incluíndo as inimizades declaradas.
A Casa VII dá-nos indicações sobre a forma como estamos na relação e sobre o tipo de pessoas que atraímos nas nossas parcerias. É, por isso, considerada a casa do cônjuge, do casamento.
Muitas vezes, encontramos nos nossos parceiros as características e "defeitos" que não conseguimos ver em nós mesmos. Assim, está também relacionada com os inimigos declarados.
Representa O Outro, tanto no sentido da complementariedade como no do confronto.
Casa VIII
Casa Sucedente de Água - segurança emocional
A Casa VIII representa os relacionamentos íntimos e as grandes transformações emocionais que deles resultam.
Pode ser comparada ao caldeirão da bruxa ou ao forno do alquimista: é o lugar das crises e mudanças que decorrem em segredo, no íntimo do ser.
Mostra a forma como misturamos as nossas energias com algo maior.
Esta tentativa de união pode ser vivenciada como uma forma de aumentar o poder e o domínio do ego, ou como uma via para a transcedência, através da transformação desse mesmo ego.
Este processo pode ocorrer a vários níveis:
material: dinheiro, heranças, empreendimentos; gerir e administrar os valores dos outros; a confiança mútua
emocional: ligações, profundas; a sexualidade; o relacionamento como catalizador de transformações; a destruição de velhas fronteiras do ego
social: o poder; a busca do que está escondido, desconhecido, oculto no relacionamento e na sociedade; manipulação, intrigas, temas-tabu
espiritual: morte, renascimento; a transcendência, a relação com o chamado Plano Astral; é nesta área de vida que enfrentamos e transformamos os "demónios" internos: o ciúme, a inveja, a ganância, o egoísmo, etc.
Casa IX
Casa Cadente de Fogo - conhecimento da identidade
A Casa IX marca o começo de um novo ciclo de identidade. Nesta terceira casa de Fogo este ciclo é bastante complexo.
Já não falamos aqui da identidade primordial, que trazemos à vida no nascimento (Casa I) nem tão-pouco da expressão criativa da individualidade (Casa V); trata-se agora da procura de um significado, de uma direcção, de um propósito maior do que o ser individual, algo que transcende a própria personalidade.
A Casa IX é, por isso, a casa da identificação com o significado último das coisas: com a Verdade ou a "Pedra Filosofal".
Está igualmente relacionada com o conhecimento superior, a mente abstracta, os processos intuitivos de pensamento, a Fé, a Filosofia e a Religião. Mostra a maneira como concebemos a Imagem de Deus.
Para além das questões filosóficas e religiosas, a Casa IX rege também o "ambiente" que se vive nos relacionamentos, a ética conjugal e as relações com os parentes por afinidade (sogros, cunhados, etc). Rege ainda as grandes viagens, pois a viagem, por nos permitir conhecer novas culturas, filosofias, modos de vida, religiôes, faz-nos alargar horizontes.
O Meio do Céu
Estamos agora no ponto mais "elevado" do mapa. Vivenciámos todo o hemiciclo de auto-conhecimento (o Hemisfério Nocturno) e uma boa parte da experiência com os outros (Terceiro Quadrante). A nossa identidade sofreu importantes crises transformativas e delas conseguimos extrair um significado maior.
Entramos então no Quarto e último Quadrante, no qual o foco de expressão do indivíduo vai ser primariamente colectivo, resultado de uma transformação pessoal e pessoal-social anteiror.
Resta-nos agora pôr toda esta experiência ao serviço do Colectivo, tarefa que levaremos a cabo no conjunto de casas deste último quadrante.
O signo que se encontra no Meio do Céu indica o modo como gostaríamos de ser vistos pela sociedade; sugere qualidades e modos de expressão pelas quais gostaríamos de ser lembrados.
São temas que valorizamos a ponto de exibirmos publicamente - é a nossa máscara (persona) social.
Indica a forma como nos descrevemos quando queremos mostrar-nos no nosso melhor; é através das qualidades associadas a este signo que queremos ser admirados e respeitados, são, por isso, qualidades que queremos ter e mostrar perante a sociedade.
Casa X
Casa Angular de Terra - Acção concreta, material
Sendo uma casa de Angular e de Terra, indica primariamente a nossa capacidade de integração, estruturação e realização perante o social. Mostra o momento em que temos reconhecimento social (oposta à casa IV em que a estruturação era individual).
É a casa onde nos vemos como seres sociais.
É o momento de projectar perante a Sociedade tudo que integrámos como estrutura-raíz (Casa IV): neste sentido, podemos afirmar que "a copa da árvore (Casa X) começa a dar os seus frutos".
Sendo a última Casa de Terra, a X representa o culminar funcional do nosso eu individual; indica de que forma projectamos na Sociedade os recursos que reconhecemos e aprendemos a gerir na II e que aperfeiçoámos e rentabilizámos na VI.
Indica, assim, a nossa projecção e influência na Sociedade e nos processos sociais, o "status", a carreira, a ambição, a vocação. Dá também indicações sobre a nossa capacidade de realização pessoal. É a capacidade de estruturar e influenciar a sociedade (casa X) através de leis e princípios éticos (casa IX).
Define também aquilo que representamos para a Sociedade, a nossa imagem social.
Casa XI
Casa Sucedente de Ar - segurança social e intelectual
Nesta casa vivemos a possibilidade de nos integrarmos num esquema ainda mais vasto do que a própria imagem social.
É a área de vida onde as nossas conquistas sociais (Casa X) se relativizam perante a Humanidade. A nossa posição social tem aqui a possibilidade de integrar-se com as ideologias e correntes de pensamento colectivas.
Na Casa XI vivenciamos, portanto, uma ânsia de ir além da identidade individual, de nos vermos como parte de uma "moldura conceptual" maior que os nosso limites individuais. Aqui, vamos procurar ser criativos mas agora num contexto colectivo e não individual (e não individual, como acontecia na casa oposta, a Casa V).
Assim, a casa XI mostra:
- como funcionamos enquanto parte de um todo maior (grupos, associações, corporações, conglomerados, etc.).
- o tipo de amigos e o tipo de grupos com que nos envolvemos.
- de que forma estabelecemos a ligação com a "mente colectiva": a nossa capacidade de captar os grandes conceitos e arquétipos.
Nesta área de vida, vemo-nos como seres criativos individuais, integrados num todo maior (o grupo, a Humanidade). Relaciona-se com o estágio em que somos capazes de comunicar a nível global.
A Casa XI rege a nossa atitude relativamente à realização e sucesso social ou à sua falta, a capacidade de reformular e transformar a Sociedade do seu tempo. Tem a ver com sonhos, visões, imaginações a projectos de carácter humanitário, idealista e mesmo utópico.
Casa XII
Casa Cadente de Água - conhecimento/aprendizagem emocional e para a Alma
Nesta última Casa de Água dá-se a integração emocional das experiências de todo o mapa. Representa o mergulho nas memórias do inconsciente.
A Casa XII indica o tipo de experiências através das quais alcançamos o que de mais íntimo e profundo existe em nós; é o momento do confronto do Eu consigo mesmo.
Pode ser vivenciada como experiência mística ou onírica, meditação, dádiva, rendição e entrega perante algo maior que o ser. Todos os factores nela contidos são vivenciados de forma interior e subjectiva.
Esta casa refere-se a tudo o que diz respeito à vida anímica e interna: é através dela que temos acesso ao inconsciente colectivo, com os seus mitos intemporais - é onde tocamos o "sentir colectivo".
Do ponto de vista tradicional, é também a casa do carma (juntamente com a VIII) e a casa dos inimigos ocultos. Está ainda associada a hospitais, prisões e asilos, sendo considerada a casa do isolamento e das "prisões emocionais". Perante o isolamento, a reclusão e o silênco interior, poderemos perceber o sentido da vida; encontrarmo-nos a nós mesmos; fazer contacto com o nosso verdadeiro Eu, a Alma.
Só depois deste mergulho no Todo poderá, mais tarde, surgir um verdadeiro renascimento.
A XII representa, por isso, a dissolução que antecede o renascimento; é o "eu subjectivo", interior, inconsciente, enquanto a Casa I representa a manifestação obectiva, exterior e consciente da identidade.

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