As Confrarias Islâmicas na ilha de Moçambique são unidades culturais, com cerimonial e simbologia litúrgica próprios, organizadas para a gestão dos assuntos religiosos: culto, educação e ritos de transição (em especial os funerais). Têm responsabilidade na gestão inter-crentes e nos mecanismos da entreajuda interna. Nem todos os crentes pertencem a confrarias.
Grande Mesquita Central, |
Há 2 Ordens de Confrarias que, por sua vez se subdividiram em 8 confrarias na Ilha de Moçambique, todas muito antigas,cujas origens remontam a tempos muito passados.
Uma das duas Ordens de Confrarias, a «Xadulia», é de origem egípcia e remonta aos séculos XII-XIII, tendo-se tornado independente da sede no Egipto, e mais tarde das Comores, de onde vieram para a ilha de Moçambique.
A outra Ordem de Confrarias, a «Cadiria» é de origem iraquiana (século XII), estabelecida na ilha através de Zanzibar desde 1904.
Hoje, ambas as Ordens são completamente autónomas, tendo-se estabelecida em 8 confrarias regionais [estamos sempre a falar dentro da ilha de Moçambique]. A maioria delas, fruto de cisões internas e resultando que hoje em dia, não haja reconhecimento explícito às práticas religiosas, por parte dos governos de Maputo. Há, no entanto, um reconhecimento não oficial da existência das confrarias, pois estas têm uma importância enorme nas decisões políticas internas da ilha. Os residentes de lá sabem que esse poder existe. A Ordem Xadulia, subdividiu-se em 3 confrarias e a Ordem Cadiria, em 5 Confrarias.
Grande Mesquita Central, vista lateral, com o banheiro público. |
Há uma instalação que parecendo ser uma mesquita, na verdade é uma escola maometana, corânica, pois está separada apenas por um muro da Grande Mesquita Central [a verde, acima]. Para que os residentes [actuais e antigos] da ilha de Moçambique percebam do que estou a falar, a localização era na antiga oficina do João Ferreira dos Santos, entre a tabaqueira [actual Cinema Olímpia - fechado neste momento] e a Mesquita Central. Tem que haver, no mínimo, 500 metros entre duas mesquitas.
Esta informação acima, a quem agradeço muito,
foi-me fornecida pessoalmente aqui no Facebook, pelos senhores:
Satar Abdul Rahimo Abdul
Gestor do Complexo Quinta dos D'es, no Gembesse,na parte continal, em frente à ilha de Moçambique.
Sua página no Facebook, aqui
e
Jornalista - Radio On'hipiti FM 103.09Mhz
na Ilha de Moçambique.
Sua página no Facebook, aqui.
Por estas contas é fácil de se perceber que, na ilha, não há Mesquitas suficientes para todas estas confrarias, pois na prática há 6 mesquitas e um edifício que é confundido com uma mesquita, mas que na verdade é uma escola maometana corânica. Na verdade, só a Grande Mesquitas Central [a verde] reúne condições para receber muitos fiéis, pois as outras mesquitas são todas muito mais pequenas, sendo a excepção talvez a bela edificação que é a mesquita Mussanga, da contra-costa.
Mesquita Mussanga, situada na contra-costa. |
Peço desculpa se me enganar no texto e nas indicações das localizações das mesquitas, e nesse caso, espero que me corrijam nos comentários, ou através do Facebook, para eu poder corrigir aqui no texto.
Mesquita Mussanga, situada na contra-costa. |
Cada confraria deveria estar organizada da seguinte maneira:
- Ser dirigida por um satjada [chefe máximo local], em teoria deveria ter à sua responsabilidade, uma mesquita e uma escola corânica [madrassa], que teriam, por sua vez os seus respectivos responsáveis.
- Ter um xehe [cabeça de segmento de confraria]: este é um cargo que pode ter duas dimensões, ocupada por dois indivíduos: o responsável pelo segmento da confraria; o responsável pela mesquita. Na prática, as secções locais tendem a acumular na figura do xehe ambas as responsabilidades
- O halifa [cargo de assessoria principal]; pode ser destinado ao espectro feminino das crentes através uma eleita, mas é também um cargo masculino enquanto apoiante privilegiado do satjada ou do xehe.
- O chauria [assessor].
Mais 3 imagens da mesquita Mussanga, situada na contra-costa. |
Não me compete comentar a política teológica seguida pelas confrarias, mas apenas abordar o assunto e que estão na fonte de algumas situações de conflitos sempre em potencial. As origens religiosas são diferentes: existe a linha Sunita, por um lado e, por outro, há a escola Hafanita. Estas diferenças teológicas, obviamente serão solucionadas com o diálogo entre as confrarias e as Ordens.
Para os meus leitores, mais ocidentalizados e que não estejam familiarizados com o islamismo, vou fazer uma comparação muito fraca sobre este assunto. Exemplo: como se houvesse 2 Bíblias diferentes para serem seguidas. E há. A Bíblia dos católicos e as várias Bíblias dos não católicos. E cada um com as suas leituras.
Estas duas fotografias são da mesquita NASCID NUR, situada numa das pontas da ilha, vindo do cemitério, para a curva da Igreja de Santo António. |
Outras mesquitas na ilha
Localização desta Mesquita: quem sai da ponte, do lado esquerdo, passando pela Capela de São Francisco Xavier, a 300 metros, a caminho do antigo matadouro. |
Mesquita que fica no bairro de Litine. |
Mesquita mais antiga da ilha, perto dos correios e a caminho da escola secundária. A maioria das fotografias acima são da autoria do sr. Satar Abdul Rahimo Abdul Sua página no Facebook, aqui. Mas também há a colaboração fotográfica dos senhores: - Muhamad Hanif Abacassamo, no Facebook, aqui. - Victor Fernando Gomes Rodrigues, no Facebook, aqui. Fonte principal do texto, aqui. |
Estive aqui cedo e caiu o sinal da net...mas achei muito interessante tudo o que mostra neste post. E as imagens estão excelentes.
ResponderEliminarPara nós que não estamos acostumados com o tema é uam aula.
Beijo grande meu querido António.
Astrid Annabelle
uma aula..*ops...escrevi errado, só para variar
ResponderEliminarQuerida Astrid
ResponderEliminarSempre presente, mesmo com a net a oscilar. Eu também estive várias horas fora do computador.
Muito agradecido.
Beijinho