23 de janeiro de 2012

A modernidade turística [e os seus perigos] a chegar à ilha de Moçambique



Segundo parece, existe um enorme esforço de reconstrução na ilha de Moçambique, com vista a incrementar o turismo, sinónimo de entrada de dinheiro. Parece que o futuro aeroporto de Nacala espevitou alguns assuntos da ilha. De todas as notícias que tomo conhecimento sobre a ilha, tenho dificuldade em entender se os melhoramentos têm em vista os habitantes locais, cuja maioria vive numa enorme pobreza e sem condições de vida (habitação, higiene, saúde, etc.), ou se, quem manda por lá, apenas tem em vista o turismo, como fonte de entrada de dinheiro. Como não sou residente da ilha, tenho que ter cuidado com o que expresso. No fim deste post, comento mais um pouco sobre esse tal turismo perigoso.

VILLA SANDS


Conheça o site:
http://www.villasands.com
Veja o site para encontrar muitas fotografias do local e o seu entorno.


Os ilhéus macuas da ilha de Moçambique, reconhecem imediatamente a foto acima: é a entrada do ex-BNU, que passou mais tarde a pertencer ao Millenium, sendo agora do Banco de Moçambique. Na foto, à esquerda está uma rua que vai dar a uma praia. Ao fundo dessa rua,  do lado direito, havia um edifício grande que era um armazém, que se transformou no actual Villa Sands


Acima: foto antiga da rua onde está o Villa Sands


Vista actual da mesma rua de cima, com o portão da Villa Sands, ao fundo.

A família proprietária do Villa Sands, na ilha de Moçambique,
também possui o Sands Hotel, na Suécia.
http://www.sandshotell.se/index.php/eng
Página do Facebook deste hotel na Suécia, aqui.

As fotos do Villa Sands são do amigo e conterrâneo Ossemane Abdul Satar Daudo, que gentilmente colocou no nosso grupo privado «Ilha» (no Facebook), várias fotografias que mostram o restauro desse tal armazém, completamente modernizado e transformado em residencial, com 15 quartos, belas instalações, piscina, uma varanda óptima virada para o mar. Foi inaugurado em Junho 2011.

Deliciem-se e encham-se de orgulho por vermos a nossa terra estar a modernizar-se, sabendo receber os turistas que a visitam. Vejam só o aspecto fantástico deste novo espaço.


Entrada lateral para a residencial. Esperemos que a rua seja pavimentada em breve.


 Esta foto foi tirada com a maré vazia. Imaginem como será com a maré cheia


Zona da esplanada onde se encontra a piscina.




 Vistas gerais do terraço.

 Quem estiver sentado nesta esplanada poderá observar imagens como estas:





Localização no Google Earth


Esta é a praia onde se localiza o empreendimento. Vemos parte do jardim que fica em frente ao ex-BNU e do lado direito da foto, a rua que leva até à residencial.



Outras considerações pessoais sobre os perigos de certo turismo,
em África e Ásia

Quem está longe como nós, dá-nos a sensação que uma parte considerável da reconstrução da ilha de Moçambique, destina-se ao turismo. Nos últimos anos conhecíamos a existência de algumas instalações hoteleiras, que se afirmaram ao longo do tempo. Menciono algumas, ao acaso: o Escondidinho, a Casa Branca, a Pousada e algumas mais.

Mas a sensação que me dá, nos últimos 2 anos, é que caiu na ilha o fervor de transformar em hotel, várias das muitas casas que lá existiam. 

Tudo isto é positivo, se de facto, estivermos a assistir a uma redescoberta turística da ilha de Moçambique e, portanto, poderá ser muito útil para os habitantes, que assim conseguirão alguns postos de trabalho, havendo uma mais valia para outros negócios locais, sobretudo restaurantes, mergulho, artesanato, etc. Como sempre, os que têm mais condições económicas são os que mais beneficiam e o povo... vai ficando para trás.





Os acessos à ilha são francamente maus, por enquanto. Situada no Norte de Moçambique, na região de Nampula, a ilha de Moçambique, praticamente está escondida das grandes rotas turísticas. No entanto, toda a região, a ilha e a vizinhança, possuem enormes condições para ser praticado um turismo sério e de qualidade.

Só desejo, do coração, que não se transforme, como em outros locais do mundo, em «turismo de escravidão», ou seja, turismo encoberto e basicamente destinado à prática sexual de prostituição (nem menciono as variantes deste género, pois são bem conhecidas dos adultos informados), zonas cinzentas de pedofilia ou, um turismo que fará da ilha e região à volta, plataforma de circulação de drogas pesadas, com destino a outros locais do globo (ali perto, por exemplo: África do Sul, Mallawi, Lesotho, Seychelles, sul de Moçambique, etc.) 



A ilha de Moçambique, obviamente, não é um resort.
É uma ilha-cidade densamente habitada.

Residentes na ilha de Moçambique: estejam vigilantes.   

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2 comentários:

  1. Meu caro, sempre antenado e sensível às coias boas da vida. Tenha estado ausente da maioria dos blogs que admiro por completa falta de tempo de me dedicar à leitura como se deve. Acho um desrespeito aparecer só pra fazer capa e não ler, como a mendigar audiência. Mas, como já te disse outrora, és um dos blogueiros mais especiais com quem tenho contato.

    Até mesmo por isso, gostaria de informar que meu blog encontra-se em manutenção até segunda feira, 20/06, às19h. Estou arrumando a casa para o aniversário de 02 anos do meu canto. Inclusive, gostaria de te convidar pra me visitar nesse dia, caso possas. Você faz parte das paulinisses.

    Abraço de/no urso!

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  2. Fiquei encantada com o que vi aqui. Não havia visto este seu post!
    Não posso palpitar sobre o turismo local, apenas desejar, assim como você, que tudo seja para o bem dos residentes.
    O lugar é lindíssimo...apesar de tudo.
    Um beijo António querido e me desculpe por não ter comentado antes. Lindo post. Partilhado.
    Astrid Annabelle

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