28 de maio de 2011

Os gatos, a sua vida secreta e metafísica e, claro, nós, seres humanos pouco atentos


Estas lindas imagens foram-me enviadas pela amiga e 
conterrânea Ema Cheong Dinis [clicar]. Obrigado e um beijinho.

 Pode clicar nas imagens para as ampliar e poder ver melhor.


Dedicado ao Preto, que vive comigo e aos já ausentes da minha vida terrena:
Lola, Maria Fofa e Gabriel. Muito amor.














Desconheço o autor destas ilustrações e legendas.

Bom fim-de-semana a todos.

UPDATE

Deixado no meu Facebook por Lúcia Helena Tuccori.

ODE AO GATO 

Por Artur da Távola 

«Nada é mais incômodo para a arrogância humana que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias de amor. Só as saudáveis. 

Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Só aceita relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de traiçoeiro, egoísta, safado, espertalhão ou falso.

“Falso”, porque não aceita a nossa falsidade e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é esperto. O gato é zen. O gato é Tao. Conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem o ama, mas só depois de muito se certificar. Não pede amor, mas se lhe dá, então o exige.

O gato não pede amor. Nem dele depende. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém, sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano, mas se comporta como um lorde inglês.

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa a relação sempre precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Vê além, por dentro e avesso. Relaciona-se com a essência.

Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende ao afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando esboça um gesto de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é muito verdadeiro, impulso que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe; significa um julgamento.

O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós).

Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, eles se afastam. Nada dizem, não reclamam. Afastam-se. Quem não os sabe “ler” pensa que “eles não estão ali”, “saíram” ou “sei lá onde o gato se meteu”. Não é isso! É preciso compreender porque o gato não está ali. Presente ou ausente, ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.

O gato vê mais, vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente ao nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério.

Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.

O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precisa de promoção ou explicação os assusta. Ingratos os desgostam. Falastrões os entediam. O gato não quer explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda a natureza, aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato.

Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração e yoga. Ensina a dormir com entrega total e diluição no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase quinze minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, ao qual ama e preserva como a um templo.

Lições de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, o escuro e a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.

Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gesto e senso de oportunidade. Lição de vida e elegância, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências ou exageros e incontinências.

O gato é um monge portátil sempre à disposição de quem o saiba perceber.»

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15 comentários:

  1. Adoro os gatos, tenho um preto que está em casa a 15 anos e é muito querido.
    ACHO-OS ESPECIAIS.
    beijos

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  2. Viva, bom dia :))

    Nunca é demais esta divulgação. Na perspectiva "económica" do Universo, nada está a mais dentro do que a natureza cria. Nós é que ignoramos, na maior parte dos casos, a sua utilidade.

    Adorei o post!!

    Beijinhos e um alegre fim-de-semana.

    Filomena

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  3. ;))) António!!

    Em cheio!! E mais ainda ficou por dizer! ;))))
    Um dia farei isso! :PPPP

    Beijo bem grande e bem-hajas!!

    Vou buscar a Astrid a casa que fica de "castigo" em repouso! ;)))
    Tem sido uma presença maravilhosa!!

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  4. gostei bastante deste post, eu tenho uma gata agora já sei melhor os seus comportamentos :D abraço e bom fim de semana

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  5. Óptimo post António, dentro da qualidade a que nos tens habituado. Aprendi coisas interessantes sobre o meu Mecre e a minha Vitória, o meu casal de siameses...

    Bom fds!

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  6. Eu tenho uma história interessante com gatos... em cada casa que fui morar sempre teve um lá a me esperar

    Beijos querido... gostaria de ter um gato em casa, mas tenho que convencer mãe e marido

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  7. A minha gata é uma curadora. Quando percebe que alguém cá de casa não está bem vai para o colo dessa pessoa.
    Adora meditar comigo e que lhe faça Reiki.
    Diz-me sempre quando há entidades cá em casa. Eu quando percebo isso, começo mentalmente a dizer para a entidade olhar para cima e ir para a luz, pois é lá o seu lugar. Não sei se vai para a luz, mas sei que daquele espaço ela sai, pois a gata fica tranquila passado uns 5 segundos.

    beijinhos

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  8. Amo gatos Antônio.
    Tenho dois, mas o macho escolheu ser dono da minha filha.
    Em compensação minha protetora passa o dia comigo.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  9. Olá! imagens liiinnndasss ;)
    de vez em quando faço reiki à minha mana Maia... para ajudar a libertar essa energia.
    beijos

    (ainda não tive oportunidade de ouvir a entrevista, mas vou fazê-lo)

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  10. Nossa Antonio, adorei...Que linda postagem...
    Tenho 2 gatos, eles falam comigo por telepatia, por sinais, eu entendo tudo que desejam...Parece gente!
    Obrigada pela postagem...
    Gostaria em compartilhar no semeadora, vc permite?
    Um lindo domingo amigo de luz!

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  11. Amei!!!!
    Estou na casa de uma amiga que tem 8 gatos, ela leu comigo e adorou. E confirmou tudo isso tb!!!!
    Vou adotar um gato.
    abraço querido

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  12. Olá querido António, aprendi mais um pouco sobre o assunto.Adorei as fotos dos gatos, todos tão fofos e lindos.Vou partilhar no Facebook.Beijocas.

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  13. Amei saber de tudo isso. Estou a ter intensas experiências com felinos...Preto, Anúbis e Mascote...
    Somente hoje que vi este post...magnífico!!!!
    Beijão António!
    Astrid Annabelle

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  14. A questão é: tenho um gato que não larga de mim...aonde eu vou ele vai, ele pode estar dormindo profundamente, se eu sair do local e na mesma hora acorda, e me segue!
    Será que estou precisando tanto de proteção...???
    Ele é a minha sombra....
    hehehehe
    beijos

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  15. Este artigo é maravilhoso, e expressa muito bem o que tenho aprendido com os meus queridos 30 gatos. Aprendi muito com eles, a qual sou muito grata. Qualquer gato é sensível às energias, por isso adoram Reiki. Obrigado António.

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«O leitor tem o direito de discordar destes posts e de ter outras ideias, e eu lutarei até ao fim para que você mantenha o seu direito a dizer o que pensa, educadamente, de forma civilizada e até agradável, se conseguir. Se for difícil para si manter estas premissas, o melhor é não dizer nada. Tente comportar-se com os outros da mesma forma que quer ser tratado/a.»Esteja à vontade neste blogue, pois aqui não há letrinhas torcidas, nem moderação.Tente não ser anónimo, e crie a sua própria identidade, nem que seja com um pseudónimo. Clique aqui, para saber como.Grato pelo seu comentário, António Rosa