11 de março de 2011

«A Ilha de Todos», de Luís Correia Mendes [um belíssimo livro de poemas sobre a nossa Ilha de Moçambique]


 Um belíssimo livro de poemas sobre a nossa Ilha de Moçambique

Com edição da Texto Editores (Grupo Leya) e destinado ao mercado moçambicano, Luís Filipe Correia Mendes, em finais de 2010, publicou o seu belíssimo livro de poemas, «A Ilha de Todos».

Conheço o Luís Filipe desde que éramos crianças. Digo que eu é que o conheço, porque simplesmente sou mais velho que ele 43 dias. É um bom argumento, não acham? Crescemos juntos, na companhia de outros 'naparraias' no único sítio do mundo que podemos chamar simplesmente de a «ilha», pois todos de lá sabemos que nos estamos a referir à Ilha de Moçambique, a Pérola do Índico. Quantas ilhas existem no mundo? Claro, que apenas uma. A ilha. Não foi por acaso que o autor deu o título de «A Ilha de Todos». Nem precisou de dizer a que ilha se estava a referir. A ilha não tem dono, pois é de todos nós. Os que lá vivemos e os que ainda vivem. Os que lá nascemos (ou não) e, também, os que lá morremos.

Vou dar a palavra ao autor, o meu amigo de infância e juventude, e poeta, Luís Filipe Correia Mendes, extraído do seu livro:

«A Ilha de Moçambique é um pedaço do meu corpo. Constituo uma espécie de rochedo que nem as ondas do Mar conseguem desgastar através dos tempos. [...] Percorrer os labirintos da Ilha, sentir o odor do incenso cristão, dos temperos orientais, do peixe frito, do feijão jugo, do amendoim torrado, do tori-tori [...] Aprender a escutar um tufo, ouvir o cântico cristão ou a oração Azan cinco vezes ao dia no cimo da Mesquita muçulmana reduz a dimensão do nacionalismo primário. [...] Uma das condições fundamentais para se sentir sem nacionalidade ou seja, ser da Ilha é sermos abertos a trocas de experiências, assumirmos as nossas vivências, contactos, saberes através de atitudes activas tornando-nos agentes de transformação do Mundo.[...]»

Sou suspeito ao dizer que este livro é belíssimo, porque sou da Ilha, mas atrevo-me a dizer que ler e sentir estes poemas, é uma experiência única, pois conseguimos entrar no coração do autor. É partilharmos o mesmo amor pela ilha.

Reproduzo aqui um dos poemas deste livro.

Ilha de Todos Nós
Casuarinas plantadas
À beira mar
Inclinadas pela força
Do vento
Não cedem
Nem apagam
Com o tempo
A passagem dos maniqueus
Que cantaram e exortaram
Em nome da fé e da amizade
Falsos critérios
Sustentados pela intolerância
Crueldade e fanatismo.

Hoje
Restam os poetas
Que vivos ou mortos
Cantam a sua beleza
A forma cromática
Da sua vida interna
As palavras divulgadas
Pelas casas abandonadas
O encanto das árvores e flores
Que desabrocham e frutificam
Sem intervenção humana!
A minha Ilha é um Tesouro
Suspenso num rochedo de cristal
Líquido e transparente
Onde sonhadores tranquilizam
O seu ego
Onde o aroma das flores, o cheiro
Do iodo provindo do mar
Fazem os poetas dissertar!


Contacto em Moçambique para saber da possibilidade de aquisição desta obra:
Email: info@me.co.mz

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5 comentários:

  1. Bom dia António querido!
    Deve ser uma bela aventura entrar na poesia do seu amigo Luís Filipe!
    Linda ilha!
    Beijos...
    Astrid Annabelle

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  2. Bom dia, Astrid,

    Foi muito gratificante, sobretudo porque conhecia muito pouco do trabalho poético dele.

    Fiquei muito feliz com a sua visita.

    Beijos.

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  3. Valentim

    Bom António, mais um post bem ao teu jeito. Dizer o quê? tudo o que aqui colocas toca sempre alguém, de alguma maneira.
    Esta é a tua natureza.
    Um beijo bom fim de semana.

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  4. Valentim,

    Um grande beijo e bom fim-de-semana. Obrigado.

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  5. Olá, Antônio
    Cá entre nós, os poetas sabem com o que ficar!!!
    Abraços fraternos e excelente fim de semana.

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